A alegria advinda do aprendizado da marcha pelas crianças contrapõe-se a um sentimento natural de preocupação com suas inevitáveis quedas. Nos primeiros anos de vida, as crianças sofrem muitos tombos, porém raramente têm lesões graves. Com o crescimento, adquirem maior capacidade de coordenação motora e equilíbrio, além da habilidade em reconher as situações de risco. Nesse momento nos sentimos parcialmente aliviados quanto aos riscos de quedas de nossas crianças, mas não devemos nos esquecer de olhar para a outra extremidade de nosso círculo familiar, os idosos.
As quedas nessa faixa etária são preocupantes, pois podem causar lesões graves, como fraturas e traumatismos cranianos. As mais comuns são as fraturas de punho, coluna vertebral, costelas, úmero, fêmur e bacia, muitas vezes sendo necessário o tratamento cirúrgico. Esse problema é tão importante que hoje, no Brasil, as quedas são responsáveis por 12% dos óbitos na população idosa e por 70% das mortes acidentais em idosos com mais de 75 anos. Estudos mostram que cerca de 30% deles caem ao menos uma vez ao ano, sendo comuns as recorrências.
São várias as causas das quedas de idosos. Algumas estão relacionadas com as alterações fisiológicas do processo natural de envelhecimento, como distúrbios do equilíbrio, alterações da visão e da audição, problemas cardiovasculares, neurológicos e endócrinos, distúrbios psiquiátricos como a depressão, anemias, alterações musculoesqueléticas como artrose, fraqueza muscular, deformidades articulares, além de diminuição da velocidade de seus reflexos, muitas vezes potencializada pelo uso de medicamentos.
Mas os idosos caem também em consequência de problemas no ambiente em que vivem, como superfícies escorregadias, tapetes soltos ou com dobras, objetos pelo chão, iluminação inadequada, prateleiras com altura inadequada. Caem ainda quando usam roupas compridas demais e calçados impróprios.
Todos esses fatores, associados ao natural enfraquecimento ósseo, tornam os idosos fortes candidatos a fraturas. Nessa situação, não podemos postergar o tratamento. Devemos fazer o possível para devolver-lhes rapidamente a situação de independência e mobilidade que apresentavam antes do acidente. Sabemos que a melhor forma de evitar os tombos e suas repercuções é investindo na prevenção. É importante que orientemos os idosos sobre os perigos e conseqüências das quedas e enfatizemos a necessidade de evitarem atividades de risco. Devemos também lembrar lhes que precisam realizar rotineiramente avaliação médica, corrigindo os distúrbios visuais e auditivos, evitando a utilização indiscriminada de remédios, ingerindo bebidas alcoólicas com prudência e tratando da osteoporose e dos distúrbios musculoesqueléticos.
Em relação aos fatores de risco ambientais, devemos instruí-los a evitar pisos escorregadios, tapetes soltos ou obstáculos que possam dificultar a movimentação em casa, instalar barras de apoio nos banheiros, usar calçados com solado aderente. Mas, fundamentalmente, devemos investir na promoção da saúde do idoso com a manutenção de suas habilidades físicas e mentais, estimulando o fortalecimento muscular, a melhora da amplitude articular e o ganho de flexibilidade, pois é possível ser um idoso saudável e com boa qualidade de vida.