por Andréa Lopes
No amplo apartamento do bairro de Higienópolis, em São Paulo, ao chegar o visitante é recebido por uma música emitida em voz fininha e divertida. "Tindolelê/ Tindolalá", canta Dora (3), seguida pela irmã gêmea, Catarina (3), esta carregando no colo um 'bebê' e outras 'amiguinhas' para participarem de um 'aniversário' que seria realizado em seguida, ali, no meio da sala de jantar. As filhas da apresentadora Lorena Calábria (40) e do diretor e roteirista televisivo Mauricio Arruda (41) mudaram a vida do casal. Para melhor, claro. "As meninas naturalmente ocuparam um espaço enorme na nossa vida e dentro de casa. Eu, antes delas, era muito ansiosa. A maternidade me ensinou a priorizar melhor as coisas", pondera a jornalista, que comanda o programa Domingo Espetacular, na Record, ao lado de Paulo Henrique Amorim (62).
A paixão por cultura está presente no clima e nos objetos da casa- e aí estão incluídos os livrinhos, CDs e DVDs das pequenas. Na estante, ao lado do aparelho de som, LPs do compositor e pianista de jazz Thelonius Monk (1917- 1982) convivem em harmonia com um disco de historinha colorido (quem tem mais de 30 anos lembra...) da clássica versão de O Pequeno Príncipe, narrada pelo ator Paulo Autran (83). "Esse é o nosso canto", mostra Lorena, apontando a ampla sala. Dora corre para sacar um DVD da Barbie e o de A Dama e o Vagabundo, seus preferidos. Catarina fica hipnotizada vendo e ouvindo Adriana Calcanhotto (40) em Adriana Partimpim. "Não havia como ser diferente. Eu e o Maurício sempre curtirmos cinema, música, e sempre trabalhamos com isso.Acho que está no DNA delas."
- Vocês moram neste apartamento há seis anos. O espaço mudou muito com a chegada das meninas?
- Quase tudo mudou com o nascimento delas. A casa foi sendo adaptada conforme o crescimento. O nosso escritório, por exemplo, virou o quarto dos brinquedos e da bagunça. Isso não quer dizer que elas não possam trazer para a sala suas bonecas. Mas elas sempre perguntam, antes, se podem fazer isso.Como temos uma sala grande, dividimos este espaço entre estar, sala de tevê e escritório.
- E elas deixam vocês trabalhar?
- Dora e Catarina são sapecas mas também muito observadoras. Curtem ver o pai trabalhar, ficam ao lado dele, de olho no computador. No começo eu pensava 'será que ele é mais legal do que eu?' (risos). Maurício é um paizão, sempre me ajudou com as meninas nas coisas práticas, tipo dar banho e trocar as fraldas, e na educação.
- Você não sofre por deixá-las aos domingos?
- Pois é, com as meninas lembrei que domingo é o dia da família. Procuro acordar cedo e aproveitar ao máximo a manhã com elas. O Maurício - que dirige o Altas Horas, do Serginho Groisman, e escreve para o Central da Periferia, da Regina Casé -, fica com elas e mostra, na tv, que mamãe está lá, trabalhando.
- E durante a semana, como é a rotina da família?
- De segunda a sexta-feira, Dora e Catarina vão para a escolinha às oito da manhã. Daí eu checo e-mails, leio os jornais e vou para a academia. O Maurício sai para o trabalho. Lá pelas 10h vou pra Record. Duas vezes por semana as garotas passam as tardes em casa e eu as acompanho. É quando exerço bem o papel de mãe. Catarina tem bom apetite, Dora é mais chata para comer. Fazemos as refeições na sala de jantar ou na cozinha, que tem uma mesa menor, especialmente reservada às meninas. Negocio tudo. Um sanduíche aqui, cenouras e espinafre ali. Aos domingos faço uma boa macarronada, mas tenho que ser rápida para estar na tevê às quatro da tarde.
- Então dá para dividir bem seu tempo "pessoal" e "profissional"?
- Só é possível porque assinei contrato de exclusividade com a Record. Trabalhei durante seis anos no Multishow, três deles divididos com a Record. Hoje fico só em São Paulo, tenho horários mais organizados e elásticos. É aquilo de aprender a estabelecer prioridades. Assim posso criar minhas filhas com tranqüilidade e ficar mais próxima delas. E com direito a novos desafios profissionais, em áreas fora da cultura, que ainda não havia explorado. Mudar pode ser muito bom.