Floco: do latim
floccus, floco, tufo de pêlo, de lã, de penugem ou de neve, provavelmente ligado a étimos semelhantes, como flo e fla, presentes em inflar e soprar, respectivamente
inflare e
sufflare em latim. Flocos de neve enfeitam árvores de Natal porque na Europa, de onde vieram as crenças, os ritos, os usos e os costumes natalinos, é inverno em dezembro. Por razões semelhantes, o Papai Noel, vindo da Lapônia, no Pólo Norte, chega ao Brasil muito bem agasalhado e de botas.
Jingle: do inglês
jingle, tilintar de moedas ou barulho de chaves batendo umas nas outras, depois aplicado a melodias cujos sons imitavam esses ruídos. Antes de chegar à língua portuguesa como neologismo que designa curta mensagem de propaganda acompanhada de música, foi escrito gingle em inglês, como aparece no prólogo de The Canterbury Tales (Contos de Canterbury), de Geoffrey Chaucer (1340- 1400). Jingle Bells é o título de uma das mais conhecidas canções de Natal, criada por James Lord Pierpont (1822- 1893). Traduzida para línguas do mundo inteiro, no Brasil tem o título de Bate o Sino. A letra original fala de uma viagem a cavalo pela neve, mas foi adaptada para celebrar os eventos de Natal. Em nosso país é cantada assim: "Bate o sino, pequenino,/ sino de Belém,/ Já nasceu Deus menino/ Para o nosso bem./ Paz na terra pede o sino/ alegre a cantar/ Abençoe Deus menino/ este nosso lar./ Hoje a noite é bela;/ juntos eu e ela,/ vamos à capela/ felizes a rezar./ Ao soar o sino,/ sino pequenino,/ vai o Deus menino/ nos abençoar".
Nazareno: do latim
nazarenus, habitante da cidade de Nazaré, na Galiléia, onde morava a família de Jesus (entre 2-6 a.C- entre 27-31 d.C.). Entretanto, por erro de calendário, o ano 1 de nossa era é marcado por seu nascimento. Ele nasceu em Belém, na Judéia, porque, obedecendo ao determinado pelo imperador romano Tibério Júlio César (42 a.C.-37 d.C.), seus pais foram recensear-se naquela localidade, onde o casal tinha nascido. Há registros históricos de que Roma fazia recenseamentos periódicos, como o que é relatado no Evangelho de Lucas. Nazareno é epíteto de Jesus, isto é, substituição do nome próprio por comum, indicando de onde ele era. E aparece no Soneto de Natal , de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908): "Um homem, - era aquela noite amiga,/ Noite cristã, berço do Nazareno, -/ Ao relembrar os dias de pequeno,/ E a viva dança, e a lépida cantiga,/ Quis transportar ao verso doce e ameno/ As sensações da sua idade antiga,/ Naquela mesma velha noite amiga,/ Noite cristã, berço do Nazareno". Chamou-se nazareno também um movimento artístico surgido em Roma no século XIX, desenvolvido por pintores, sobretudo alemães, que procuravam inspirar-se nos mestres do Renascimento, como Pietro Vanucci Perugino (1448-1523), criando obras destacadas pela doçura dos sentimentos, equilíbrio, suavidade das cores.
Realeza: de real, do latim
regale, mais o sufixo "eza", designando o que diz respeito aos reis, à grandeza e à magnificência de que são revestidos, incluindo símbolos como as vestes, o cetro, o anel, a coroa sobre a cabeça. Três reis estão presentes no Natal, simbolizando as três raças conhecidas até então: Belchior, os europeus; Baltasar, os africanos; e Gaspar, os asiáticos. O primeiro presépio, com animais vivos, foi obra de São Francisco de Assis (1182-1226), que em 1223 festejou o Natal na floresta de Greccio, nos arredores de Assis, na Itália. Conhecido pela bondade com que tratava todos os animais, até mesmo os selvagens, levou bois, vacas e burros para explicar que Jesus tinha nascido no meio deles, numa gruta. Para a presença dos reis, a inspiração veio do Salmo 72 (em algumas edições da Bíblia é o 71), versículo 10: "Os reis de Társis e das ilhas lhe oferecerão tributos, os soberanos de Sabá e de Seba lhe trarão ofertas". Mas algumas pinturas dos primeiros séculos apresentavam dois, quatro e 12 magos. Talvez porque o Evangelho de São Mateus não diga que eram três nem que eram reis. Diz apenas: "Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente, que perguntaram: 'Onde está o rei do judeus que acaba de nascer? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo' ". Levaram ouro, incenso e mirra, que simbolizam a realeza, a divindade e a humanidade do recém-nascido. Apesar dos ossos dos três reis magos estarem desde 1164 na Catedral de Colônia, na Alemanha, levados de Milão, na Itália, os monarcas nunca existiram, mas são uma das mais belas lendas cristãs.