Recém-recuperado de sua recente expedição em busca do título de Leopardo das Neves, Waldemar Niclevicz, alpinista curitibano já pensa em sua próxima escalada
Medo de altura nunca foi um problema para o paranaense
Waldemar Niclevicz. Ainda adolescente ele conheceu a Serra do Mar, no Paraná, e se apaixonou pelos percursos de aventura. Com apenas 22 anos, Niclevicz já havia escalado o Aconcágua, maior montanha da América do Sul, e despontava como o mais importante alpinista brasileiro.
Primeiro do país a escalar a maior montanha do mundo, o Everest, e a mais difícil de todas, o K2, Waldemar acaba de retornar de sua última aventura, um dos maiores desafios do alpinismo mundial: a Expedição Leopardo das Neves, enfrentada ao lado do amigo
Irivan Gustavo Burda. O título é concedido aos alpinistas que escalam todas as montanhas com mais de 7 mil metros da antiga União Soviética. Desta expedição, Waldemar conseguiu escalar o Lênin (7.134m) e o Khan Tengri (7.010m), na Ásia Central.
Em Curitiba, onde mora, o corajoso paranaense que ainda se recupera da aventura, na qual perdeu sete quilos, falou com exclusividade ao Portal CARAS.
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Quando vocês saíram rumo à expedição o objetivo era escalar as cinco montanhas, o que acabou não acontecendo. Existe um planejamento para concluir a expedição?
- São raros os Leopardos das Neves. A maioria são russos ou dos países 'ex-soviéticos'. Do total de 540 que conquistaram o título, apenas 33 são estrangeiros. De todos os 540, apenas seis fizeram a escalada de todas as montanhas no mesmo ano ou temporada. Geralmente, são necessários vários anos para completar o desafio. Eu e o Irivan sabíamos que seria muito difícil superar as 5 montanhas em uma mesma expedição, o grande problema, como sempre, seria o tempo, e este foi um ano péssimo, com muitas tempestades. Eu espero um dia finalizar este importante projeto, por isso, no ano que vem estou decidido a voltar.
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A escalada da montanha Pobeda, que seria a terceira da aventura, teve vários imprevistos. Foi o maior medo que já sentiu em sua carreira?
- O maior medo da minha carreira não, pois esse momento foi vivido quando escalei o K2. Mas com certeza foi o momento em que mais tivemos medo durante a Expedição Leopardo das Neves. O Pobeda é uma das mais difíceis e perigosas montanhas do mundo, é uma escalada muito arriscada, muito exposta a avalanches e ao vento que sopra da China, além de ter a fama de ser como um furacão.
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O que fez você decidir encerrar a expedição nesse ponto?
- Fomos soterrados quatro vezes por avalanches, quase morremos asfixiados dentro de uma pequena caverna de gelo que foi invadida pela neve, por isso resolvemos desistir.
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Você tem ministrado palestras falando dessa e de outras experiências nas montanhas. O que gostaria que todos soubessem?
- Faço palestras toda semana para grandes empresas. São palestras motivacionais em que também enfoco o lado empresarial, como a importância do planejamento, liderança, gerenciamento de riscos e trabalho em equipe. Na verdade, é uma grande lição de superação de desafios, uma interessante analogia entre o que acontece nas escaladas de grandes montanhas e no mundo empresarial. Eventualmente faço palestras falando sobre minhas expedições, quando procuro inspirar as pessoas a também viajarem, conhecerem melhor a natureza e respeitá-la.
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Qual a próxima escalada?
- Ano que vem volto para o Quirguistão e vou também para o Tadjiquistão, antes, na mesma viagem, vou escalar algumas montanhas no Irã e na Turquia, isso é para julho e agosto. No início do ano vou para a Colômbia e para o Equador.
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Entre uma montanha e outra, como vai a vida pessoal?
- Bom, eu viajo muito! Semana passada estive em palestra em São Paulo e Ilhabela. Tenho agenda no interior de Santa Catarina e Salvador. Final do ano é a época em que as empresas mais se reúnem para definirem a estratégia para o ano seguinte e é quando mais sou chamado para palestras. Se não tenho palestras, divido o meu tempo nas minhas duas casas, uma no pico do Marumbi, na serra do mar paranaense, e a outra em Curitiba. São nesses momentos que escrevo os meus livros, respondo e-mails, planejo minhas próximas expedições e intensifico o meu treinamento.