...no tempo. A partir do momento em que recebe o diploma, por exemplo, a pessoa passa a ter uma profissão, do latim professio, ou seja, uma declaração de capacidade
Falsificar: do latim
falsificare, falsificar, tornar
falsum, falso, enganar, que em latim é
ingannare, verbo derivado de
gannire, ladrar, rosnar, ganir. Os falsários adulteram documentos, jóias e outros objetos de valor. Na literatura, um dos casos mais conhecidos é o de
William Henry Ireland (1777-1835), filho de um tipógrafo de Londres. Precocemente culto e erudito, aos 19 anos revelou ao mundo a maior descoberta de suas pesquisas: originais do dramaturgo inglês
William Shakespeare (1564-1616), que disse ter encontrado num solar rural. O tesouro era constituído de cartas de amor do bardo à sua amante, uma variação de
Rei Lear, um fragmento de
Hamlet e manuscritos inéditos de duas peças,
Vortigem e
Henrique II. Entre as personalidades que reconheceram a genialidade da descoberta estava
James Boswell (1740-1795), famoso advogado e homem de letras.
Vortigem foi exibida uma única vez e muito vaiada pelo público. Ireland confessou que falsificou tudo, utilizando papéis velhos e uma tinta transparente, que dava a aparência de textos com cerca de dois séculos. Afinal, o autor havia morrido em 1616.
Homem: do latim
homine, declinação de
homo, homem. O termo serve para designar o mamífero do gênero
Homo, espécie
Homo Sapiens, com as conhecidas características de andar em posição ereta, ter cérebro volumoso, mãos dotadas de polegar, o que lhe permite prender e reter o que apanha, capacidade de pensar, falar e matar, esta última a ação que mais tem praticado, pois matou todas as outras espécies de seu gênero e desde há muito tempo ameaça dizimar a própria, denominada por ele mesmo de
sapiens sapiens, em duplicada designação de sabedoria. Nas definições antropológicas, filosóficas, psicológicas e teológicas, homem designa a humanidade. Antecedido do possessivo meu, define o marido, o amante, o namorado, o companheiro de caso amoroso, na síntese "meu homem". Desde as primeiras representações em imagens e em textos, o homem aparece como ser que tem na mulher não uma aliada da espécie, mas uma curiosa inimiga, solerte e traiçoeira, de que é exemplo o mito de
Adão e
Eva, quando o homem é enganado pela mulher, depois de ela ter sido enganada pelo Demônio. Contrastando com a depreciação do verbete mulher no dicionário
Aurélio, homem aparece abonado com valores positivos, de que são exemplos homem da lei (magistrado, advogado, oficial de justiça); homem de ação (enérgico, ativo, expedito, diligente); homem de bem (honesto, honrado, probo); homem de Deus (piedoso, santo); homem de espírito: com inteligência viva, engenhosa, espirituosa; homem de Estado; homem de letras; homem de negócios; homem de palavra (que cumpre o que diz ou promete).
Momento: do latim
momentum, momento, radicado no verbo
movere, pôr-se em movimento. Pode significar um espaço de tempo ou um ponto determinado no tempo. Mas quanto dura um momento? Para as telefonistas, que pedem que aguardemos um momento até que encontrem o destinatário final da ligação, esta unidade de tempo, vaga e imprecisa, pode representar vários minutos. Para os serviços de atendimento conhecidos como 0800, um momento pode chegar a insuportáveis dezenas de minutos e às vezes não acaba nunca. Os ingleses consideram 1,5 minuto a duração média de momento. Na Idade Média, chegou-se a fixar 1/40 ou 1/50 de uma hora. A sabedoria dos rabinos o definiu em 1/1,080 de uma hora. Em suma, o momento, como o tempo, tem duração psicológica. Um momento de alegria não dura praticamente nada, enquanto um momento de tristeza parece não ter fim.
Profissão: do latim
professione, declinação de
professio, declaração pública, como no caso dos votos ao fim do noviciado nas ordens religiosas, e ocupação, ofício, emprego. Ao entrar para a ordem, o noviço - recém-chegado, daí tal designação, que provém da palavra novo- passa um tempo se preparando, ao final do qual proclama votos de castidade, pobreza e obediência. Esta é a origem remota de se declarar publicamente, como nos diplomas, que determinadas pessoas têm qualificação para exercer determinada atividade. Nem todos seguem a profissão para a qual se prepararam. Atualmente, entre os universitários, em todo o mundo, é grande o número dos que se prepararam para uma coisa, mas fazem outra. Entre célebres poetas, raros foram aqueles que viveram da principal atividade, escrever.
William Blake (1757-1827), poeta inglês, fazia gravuras para livreiros.
John Keats (1795-1821), seu conterrâneo, foi cirurgião, farmacêutico e enfermeiro. O americano
Walt Whitman (1819-1892) trabalhava num escritório e foi demitido quando descobriram que era o autor dos poemas de
Folhas de Relva.
Arthur Rimbaud (1854-1891), inicialmente sustentado por seu amante, o também poeta e francês
Paul Verlaine (1844-1896), alistou-se como voluntário no exército holandês e foi também capataz de obras e fracassado vendedor de armas. Já o carioca
Machado de Assis (1839-1908) e o mineiro
João Guimarães Rosa (1908-1967) foram funcionários públicos, assim como muitos outros escritores brasileiros.