A pintura acima é a única feita pelo pintor, escultor e arquiteto italiano Michelangelo Buonarroti (1475-1564) fora de uma parede. O renascentista pintou sobretudo afrescos, entre os quais os mais famosos são os do teto e do altar da Capela Sistina, em Roma. No primeiro, ilustrou cenas bíblicas, da criação do homem ao dilúvio. No segundo, o Juízo Final. Em quase todas as suas obras, deixou registrado um fascínio pelo corpo masculino, que representou com realismo e beleza nunca vistos. Para tanto, estudou anatomia e as esculturas clássicas. O melhor exemplo dessa excelência, Davi, está exposto na Galeria da Academia, em Florença.
Sua época
Pouco após Michelangelo terminar a pintura do teto da Capela Sistina, em 1517, Martinho Lutero (1509-1564) começaria a pregar contra o luxo excessivo dos clérigos e a venda de indulgências pela Igreja. Era o início da Reforma protestante. Em resposta, Roma detonou a Contra-Reforma, que retomou a Inquisição e acirrou o puritanismo. Ao pintar o altar da Capela Sistina, Michelangelo foi pressionado a desistir dos nus, mas resistiu. Depois de sua morte, em 1565, um discípulo seria encarregado de pintar véus sobre alguns corpos.
O autor
Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni (são seus os traços da escultura ao lado) nasceu em Caprese, na Itália, e foi criado por uma ama e seu marido, cortador de mármore. Aos 13 anos tornou-se aprendiz do pintor de afrescos Domenico Ghirlandaio (1449-1494), em Florença. Mudou-se para a casa de Lorenzo di Medici (1449-1492), governante florentino e mecenas, para quem fez vários trabalhos. Morou em Veneza, Bolonha e Roma, onde se instalou em 1505. Famoso, trabalhou para sete papas. Teve muitos amores homossexuais. Morreu aos 88 anos.