Comum, a hipomelanose macular progressiva foi descrita pela primeira vez em 1988 pelo médico e pesquisador francês G. Guillet. Ela se caracteriza pelo surgimento de manchas brancas arredondadas na pele das costas, nas proximidades das axilas, do abdome e da região lombar, áreas nas quais há grande número de glândulas sebáceas. A doença não ocorre em áreas descobertas, como braços, rosto e pescoço.
As manchas são sempre bem definidas, planas, não escamativas e, quando iluminadas com raios ultravioleta, não se tornam florescentes. Costumam aparecer nos dois lados do corpo ao mesmo tempo. Em geral surgem muitas manchinhas brancas, que ou permanecem separadas, ou vão crescendo até se encontrarem e formarem uma grande mancha branca, tomando conta da barriga ou da porção lombar, por exemplo.
A hipomelanose ocorre em todo o planeta, mas é mais comum nas regiões em que a população tem pele mais pigmentada, como Caribe, América Espanhola, África, Ásia e Polinésia. Não se conhece sua prevalência.
É mais frequente em adolescentes e adultos jovens. A maioria dos pesquisadores é de opinião que ocorre preferencialmente na população feminina. O médico e pesquisador venezuelano Dante Borelli defende, porém, que a incidência seria a mesma em homens e mulheres. A moléstia não acomete idosos.
Ainda não se descobriu o que causa a hipomelanose. Há quem defenda que a doença tem traços genéticos. Outros acreditam que, em determinado momento, os melanócitos, células produtoras de melanina - atingidos por alguma substância produzida pela bactéria Propionibacterium acnes, que às vezes infesta os folículos pilosos -, passam a não produzi-la mais, o que levaria ao surgimento das manchas brancas. E um terceiro grupo pensa que as manchas surgem depois de uma infecção local por fungos.
A moléstia não é grave, mas causa muito sofrimento aos portadores. Eles se sentem feios, diminuídos e sua autoestima despenca. Não vão mais a clubes nem a praias por medo de serem discriminados. É comum, aliás, confundirse a hipomelanose com moléstias graves como a hanseníase. Por isso, muitos doentes enfrentam dificuldade de convivência social e se afastam até de familiares, amigos e parceiros amorosos. Isolam-se e se tornam presas fáceis de depressão.
Portadores de manchas brancas nas costas, nas proximidades das axilas, no abdome e na região lombar devem consultar um médico dermatologista. A hipomelanose macular progressiva, claro, ainda não é bem reconhecida em todo o mundo. Por isso, se você leu este artigo, alerte seu médico para que, no diagnóstico, a inclua entre as possibilidades. E mais: a hipomelanose pode ser sintoma de doenças como as que levam à perda da coloração da pele após inflamação, ptiríases, micoses, micose fungóide (um tipo de câncer de pele) e hanseníases. É fundamental, pois, descartá-las. Comprova-se a doença com a luz de Wood - iluminando-se a pele de um portador com esta luz, ela se torna vermelha.
Infelizmente, a hipomelanose macular progressiva ainda não tem cura, mas é possível controlá-la. Os melhores resultados, hoje, vêm sendo conseguidos pela associação de antibióticos orais - combatem a bactéria Propionibacterium acnes - e luzes, tanto a luz solar como a produzida por algumas máquinas.