Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 09/03/2011, às 19h22 - Atualizado em 05/04/2011, às 19h56

Etimologia -
Apoptose: do grego apoptosis, pela formação apó, afastamento, separação, e ptôsis, queda. Designa a morte celular programada, um dos sistemas de organização dos seres vivos. Os organismos vivos renovam permanentemente suas células. Se elas não morrerem, a sobrevivência é impossível. Um adulto tem uma constituição celular que pouco ou quase nada tem a ver com a que tinha quando bebê. A renovação garante o vigor da vida. Isso vale também para a Terra. Cargo: de origem controversa, provavelmente do português antigo cárrego, do latim carricus, do verbo carricare, carregar, ligado a carga. Designa responsabilidade, compromisso, dever. Esta palavrinha é motivo de tropeço para muitos redatores. Quando só uma pessoa pode ocupar o cargo, o nome de quem o ocupa deve estar entre vírgulas. Exemplo: "A presidente da República, Dilma Roussef, tornouse a primeira mulher a ocupar a presidência do Brasil". Outro: "O jogador David Beckham chegou acompanhado de sua mulher, Victoria Adams". Se tirarmos a vírgula, a mulher dele, ex-Spice Girl, não vai gostar, pois indicaria que o jogador tem mais do que uma mulher. Ênfase: do grego émphasis, pelo latim emphase, aparição, realce. O verbo grego phaíno tem o significado de brilhar. O surgimento de uma estrela é indicado por phásis, do mesmo étimo. As formas da Lua no percurso que toma no Céu ao fazer sua rotação ao redor da Terra são chamadas de fases: nova, minguante, crescente, cheia. Fala e escrita estão repletas de ênfases. Parêntese: do grego parénthesis, pelo latim parenthesis, designando ação de colocar algo na thesis, tese, frase, para inserir uma informação adicional, mas não decisiva para o que se quer dizer. Exemplo: "O deputado X (PMDB-RJ) apresentará projeto de reforma fiscal". Pode ser curioso informar o partido político ao qual pertence o parlamentar. Pode também servir para destacar instituições mais conhecidas pelas siglas. Exemplos: a Associação Brasileira de Imprensa (ABI); a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ressaltar: de saltar, do latim saltare, pular, do mesmo étimo de salto, pulo, dança, antecedido do prefixo "re", indicando repetição, ênfase, destaque. A vírgula é muito usada para ressaltar algo. É recomendável, porém, a bem do estilo, não virgular demais, principalmente quando vários adjuntos adverbiais estão presentes. O jornalista Eduardo Martins (1939-2008) corrige esses trechos, exemplificando: "O presidente disse, ontem, em Brasília, às 15 horas, depois da reunião do Ministério, que as mudanças econômicas...", mudando para: "O presidente disse às 15 horas de ontem, em Brasília,depois da reunião do Ministério, que as mudanças econômicas...". Para dizer a mesma coisa, temos cinco vírgulas no primeiro caso e apenas três no segundo. Mas ele ensina que a ordem direta evitaria tantos problemas, ao dizer o principal ("o presidente disse ontem que as mudanças econômicas") e enumerar os detalhes depois. A escolha é do redator. É importante esclarecer onde ele disse isso (em Brasília)? Então se diz. É importante fixar a hora em que fez a declaração? Então se diz. É importante informar que foi depois da reunião com o Ministério? Quem escreve bem sabe que escrever é cortar. E que, muito mais difícil do que escrever o próprio texto, é reescrever o dos outros. Superpopulação: de população, do latim populatione, declinação de populatio (nos dois casos, o "t" tem som de "s"), antecedido do prefixo super, do latim super, sobre, demais. Designa excesso de população. O ginecologista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul Marcelino Spírito Hofmeister Poli, sem usar explicitamente o termo, a ele aludiu implicitamente ao comentar as tragédias climáticas: "A população de humanos sobre a Terra está crescendo segundo uma razão geométrica. O primeiro bilhão de indivíduos foi atingido no século XIX, ou seja, foram necessários mais de 1800 anos, a contar do nascimento de Cristo, para se atingir essa marca. O segundo bilhão chegou cem anos após, no século XX. O terceiro bilhão apenas 30 anos depois. Hoje já somos quase 7 bilhões de pessoas, gerando todo tipo de demanda ambiental". E acrescenta: "Temos de evitar que, assim como o câncer mata o indivíduo que o hospeda, o excesso de população destrua a Terra."
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