Davídico originou-se do adjetivo latino davidicus, relativo a Davi, segundo rei de Israel, que tornou Jerusalém a capital do reino. Já palestino veio do grego palaistinói, habitante da Palaistine, região então pertecente à Síria, entre a Fenícia e o Egito.
Acaso: do latim a casu, expressão formada de a (preposição) e casum (particípio de cadere, cair), juntadas numa palavra só em português, com o significado de fato imprevisto, casualidade. É do mesmo étimo de ocaso, onde o Sol cai. Leonard Mlodinov (56), físico americano, é autor do livro O Andar do Bêbado: Como o Acaso Determina nossas Vidas. Na obra, narra o caso de um espanhol que declarou a razão de ter ganho a polpuda loteria espanhola: "Comprei um bilhete com final 48, porque sonhei com o número sete por sete noites consecutivas. Sete vezes sete é 48. Ganhei". Se fosse bom em tabuada, ele teria perdido.
Barata: do latim blatta, adaptação do grego blapto, estragar. Na acepção mais comum, designa inseto ortóptero, isto é, de asas retas, e onívoro, que come de tudo. Tem o corpo achatado e oval. Foi apelido de conhecido automóvel que tinha a aparência de uma barata. "Entregue às baratas" é expressão que designa abandono. Tem sangue de barata a pessoa excessivamente calma nos conflitos, parecendo não ter sangue nas veias, por analogia com o sangue da barata, que não é vermelho, é uma gosma esbranquiçada e fria, chamada hemolinfa.
Comedor: de comer, do latim comedere. Edere em latim é comer, comedere é comer na companhia de alguém, pela formação cum (com) edere (alimentar-se). Também o étimo de companhia e companheiro indica a pessoa com a qual se come o pão: cum (com), panis (pão). As duas refeições mais fortes do dia eram para os antigos romanos o almoço (prandium) e o jantar (cena). O étimo desta última palavra, ceia em português, é o mesmo de cenáculo (cenaculum), a sala de jantar, e procede da raiz indo-europeia sker, cortar, presente em kerstna, partilha. O que as pessoas comem é também indicativo de sua vida cultural. É do pintor holandês Vincent Willem van Gogh (1853-1890) o quadro Os Comedores de Batata. O alimento consumido é indicador de classe social. Em pesquisa recente, feita na França, descobriu-se que os burgueses comiam carne, peixe, queijo, legumes e frutas frescas. A chamada comida popular era composta de carne de porco, batata, massas, pão, margarina. E que os primeiros iam ao teatro e a concertos, visitavam museus, viajavam de avião, andavam em carros de luxo, jogavam tênis, liam o Le Monde e frequentavam leilões. Os comedores de batata, porco e massas tinham carros de pouca potência, não iam a museus, a teatros ou a leilões, pagavam eletrodomésticos em longas prestações e dos jornais só liam esportes e horóscopo.
Davídico: do latim davidicus, relativo a Davi (1015-975 a.C.), segundo rei de Israel. O primeiro foi Saul (1035-1015 a.C.). Apesar de seus sucessos militares contra os filisteus, esses penduraram o corpo dele e do filho Jônatas no muro da cidade. Quando menino, Davi, tendo como arma apenas uma funda, enfrentou e venceu Golias (século X a.C.), chefe guerreiro dos filisteus, com 3 metros de altura e mais bem armado. Feito rei de Israel, porém, Davi dotou o Estado de poderoso exército e conquistou Jerusalém, fazendo dela a capital do reino. Em círculos concêntricos, foi derrotando os vizinhos e ampliando as fronteiras. Personagem das mais complexas, era adúltero, genocida, traiçoeiro, cruel. Ainda assim, temente a Deus e capaz de arrepender-se de seus pecados. Seu herdeiro, Salomão (970-931 a.C.), era filho de um adultério com Betsabeia, mulher do general Urias, a quem ele colocou na frente de batalha para que morresse e não pudesse mais reclamar a esposa. Na cultura judaicocristã, Deus abomina o pecado, não o pecador.
Palestino: do grego palaistinói, habitante da Palaistine, região então pertecente à Síria, entre a Fenícia e o Egito, pelo latim palestinus. No grego, o nome está ligado à deusa Palaístra, filha de Mercúrio ou de Hércules, a quem se atribui a função da luta. A Palestina é a ponte de terra entre a Europa e a África, controlando o acesso da Mesopotâmia ao Mediterrâneo. Quando são feitos os primeiros registros históricos, os palestinos aparecem como semíticos, cananeus, fenícios, formando cidades-Estado independentes. Os hebreus chegaram à Palestina no século XIII a.C. Chefiados por Josué (século XIII a.C.), que substituiu Moisés (século XIII a.C.), praticaram atrocidades tão terríveis quanto as de seus inimigos na tomada de Jericó.