Calopsita: do latim calopsittacus, papagaio bonito, palavra vinda dos compostos gregos kállos, beleza, e psittakós, papagaio. Designa pequena ave australiana, hoje espalhada pelo mundo como animal de estimação. O jornalista carioca Zózimo Barroso do Amaral (1941-1997) deu a seguinte nota, no dia 24 de outubro de 1980, na coluna social que mantinha no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro: "Informa-se que calopsita é um pequeno pássaro, de cor cinza, que exibe uma espécie de crista no alto da cabeça. A sra. Fernanda Colagrossi, cuja calopsita de estimação fugiu pela janela, está prometendo uma outra calopsita a quem achar a sua." Há também calopsitas de outras cores: brancas, amarelas e azuladas. Descritos pela primeira vez em 1792, esses pássaros longevos - vivem 25 anos - chegaram aos Estados Unidos e à Europa em 1949, e ao Brasil em 1970.
Heterônimo: do grego heteronymos, outro nome, pela formação dos étimos heteros, outro, diferente, e ónymos, de nomos, nome. Esses étimos estão em diversas palavras do português: sinônimo, antônimo, anônimo, pseudônimo, em que entra o segundo elemento. E em outros nos quais entra o primeiro: heterocelular (organismo constituído de células de mais de um tipo), heteróclito (constituído de elementos pouco homogêneos), heterodoxo (com outra doxa, isto é, outro sistema), heterossexual (relativo a quem prefere pessoas de sexo diferente, ao contrário do homossexual). Heterônimo é nome imaginário usado por escritor que não se disfarça em pseudônimo, inventando também o autor de suas obras, não só os textos, conferindo-lhe qualidades, tendências, características diferentes das de seu criador. Comentando os heterônimos que criou - Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro Reis -, escreveu Fernando Pessoa (1888-1935), um dos maiores poetas portugueses, talvez o responsável pela reintrodução do vocábulo no século XIX: "E assim arranjei, e propaguei, vários amigos e conhecidos que nunca existiram, mas que ainda hoje, a perto de trinta anos de distância, oiço, sinto, vejo. Repito: oiço, sinto, vejo... E tenho saudades deles", como está registrado em Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, coordenação do professor português Fernando Cabral Martins (59).
Loba: do latim lupa, loba, fêmea do lobo, lupus em latim. "Enfiado numa casaca preta que parecia uma loba de clérigo", diz o escritor português Júlio Dantas (1876-1962) em O Amor em Portugal no Século XVIII, aludindo a um tipo de batina que fazia o padre parecer um lobo e, como a saia é própria da mulher, recebeu o nome de loba. Na reviravolta dos costumes ocorrida na segunda metade do século XIX, a mulher redimiu o tratamento pejorativo de loba, que desde a antiga Roma designava a meretriz, donde lupanar, a casa em que trabalhava e diante da qual uivava como uma loba chamando os clientes. E loba passou a adjetivo de qualidade, nascendo a expressão idade da loba, entre 40 e 50 anos, por analogia com a idade do lobo nos homens - entre 50 e 60 anos.
Mosca: do latim musca, inseto alado, comum no ambiente doméstico. Está presente em expressões como "comer moscas", designando excessiva desatenção, e "acertar na mosca", indicando precisão: no tiro ao alvo, o ponto escuro no meio lembra uma mosca. Há também a expressão "picado pela mosca azul", nascida de um poema do romancista, contista e poeta carioca Machado de Assis (1839-1908) em que um poleá fica fascinado por uma mosca azul e, querendo entendêla, acaba por perdê-la. Tão desanimado fica, que ao olhar dos outros parece que enlouqueceu. Pé-frio: do latim pede, declinação de pes, pé, e frigidu, declinação de frigidus, frio, designando azar e qualificando também a pessoa sem sorte no jogo, nos esportes, nos negócios, na vida. Mas, sobretudo, que dá azar aos outros. A expressão provavelmente nasceu da temperatura dos pés dos cadáveres e de pessoas fracas, desnutridas. Celebridades e políticos amargam a fama de pé-frio, reiterada na Copa do Mundo deste ano. O roqueiro britânico Mick Jagger (66) torceu para os Estados Unidos: o time perdeu de 2 a 1 para Gana. Torceu para a Inglaterra, que perdeu para a Alemanha por 4 a 1. Torceu para o Brasil, ao lado Lucas (11), o filho que teve com a apresentadora brasileira Luciana Gimenez (39): o Brasil perdeu para a Holanda por 2 a 1.