Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 29/06/2010, às 13h21 - Atualizado às 13h23

Etimologia -
Apoiador: de apoiar, do latim vulgar appodiare, pelo italiano appoggiare. Teve e tem o sentido de sustentar, ajudar. No latim, formou-se de podium, pedestal, muro largo que cercava a arena do anfiteatro, em cima do qual estavam colocados os assentos das autoridades. Também a sacada, a varanda de uma casa, o mirante e a colina podiam ter tal denominação. A palavra foi para o latim do grego pódion, pé de vaso, diminutivo de podós, pé. O apoiador é conhecido no futebol também por volante, cuja origem é o nome do jogador argentino Carlos Martin Volante, que cumpria muito bem esta função no Flamengo, no qual jogou entre 1938 e 1943. Crepúsculo: do latim crespusculum, luminosidade crescente ao alvorecer e decrescente ao anoitecer. Pode ter havido influência de diluculum, romper do dia. A origem remota é o adjetivo latino creperus, indefinido, incerto, duvidoso, étimo que veio a calhar para a imprecisão. Pela manhã, o crepúsculo ocorre quando já não é mais noite, mas ainda não amanheceu por completo. À noite, dá-se o inverso. Já não é mais dia, mas ainda não anoiteceu. Nepote: do latim eclesiástico nepote, declinação de nepos, neto, mas designando o sobrinho do papa, já que o Sumo Pontífice, sendo solteiro, não poderia ter netos. Com o fim de proteger sobrinhos e outros parentes, não apenas do papa, mas também de influentes cardeais, criou-se na Santa Sé a figura do nepote, que não era mais do que o parente, com ou sem qualificação, desfrutando as benesses da corte católica. O costume migrou da esfera religiosa para a política e no Brasil se tornou um câncer medonho na administração pública. O descalabro chegou a tal ponto que em 2008 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que era ilegal contratar parentes, até o terceiro grau de parentesco, nos Três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Depois, por meio de resolução, o STF estendeu a proibição a todo o país. Mas não são apenas os parentes que são vetados. No conceito de nepote estão incluídos também cônjuges ou companheiros e namorados estáveis. O governo federal publicou neste ano decreto proibindo o nepotismo em toda a administração pública federal. A Controladoria-Geral da União procura também o nepotismo cruzado, resultante do famoso jeitinho brasileiro: a contratação de parentes uns dos outros, que, trabalhando em gabinetes que não são dos parentes, às vezes em outras cidades e outros Estados, burlam a proibição. Tutor: do latim tutore, declinação de tutor, guardião, pessoa responsável por outra, que cuida, protege, ensina. Está presente em tutor judicial e em tutor testamentário, entre outras denominações jurídicas. Designa ainda o professor que acompanha os alunos numa sala de aula, enquanto as disciplinas são teletransmitidas, seja pela televisão, seja pela Internet. No inglês foi traduzido como coach, treinador, mas que nos primórdios da palavra designava aquele que acompanhava o menino ou a menina no coche ou carruagem a caminho da escola ou de campos esportivos. No Brasil, coach virou técnico. De todo modo, coach, tutor e depois treinador, tem este nome porque o veículo em que tutor e treinador passaram a ser transportados foi criado na cidade húngara de Kócs, no século XV. O étimo do nome da cidade influenciou a denominação em várias línguas, entre as quais o alemão, o inglês, o espanhol, o francês e o português. Vuvuzela: de vuvu, do quincongo vuuvu, ruído, rumor, conflito, briga, confusão. Vuvu designa também instrumento de percussão de origem africana cujo som parece soar a palavra, utilizado nos ranchos dos reis. Vuvuzela veio a denominar a corneta usada por torcedores na África do Sul, cujo som lembra o barrido do elefante ou uma sirene. Popularizou-se no país a partir dos anos 1990, quando uma empresa passou a fabricar vuvuzelas de plástico. Especialista em vuvuzela esteve uma temporada em Lisboa e outras cidades, antes da Copa de 2010, ensinando seu uso. Postos de abastecimento portugueses comercializaram em larga escala a vuvuzela e vários jogadores da seleção aprenderam a tocá-la. Portugal dominou a África lusófona do século XVI até a segunda metade do século XX, quando os países obtiveram a independência, após anos de lutas sangrentas.
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