Em 19 de julho é comemorado o Dia do Futebol, do inglês football, palavra composta de foot, pé, e ball, bola. Pelo menos nesta área o Brasil mantém a hegemonia, do grego hêgemonia, pelo francês hégémonie, porque tem cinco títulos em copas do mundo.
Anglicismo: do francês anglicisme pelo inglês anglicism, palavra ou expressão de uma língua empregada em outra, como se fez no futebol durante muitas décadas no Brasil: goal, goalkeeper, corner, foul, back, center forward e scratch, depois substituídos por gol, goleiro, escanteio, falta, beque, centroavante e escrete. O Brasil celebra em 2012 os 50 anos da conquista do bicampeonato mundial, realizado no Chile, com um time que ficou na memória dos brasileiros para sempre, repetindo, com poucas variações, o de 1958: Gilmar (82), Djalma Santos (83), Mauro (1930-2002) no lugar de Bellini (82), Zózimo (1932-1977) e Nílton Santos (87); Zito (89) e Didi (1928-2001); Garrincha (1933-1983), Vavá (1934-2002), Amarildo (73) no lugar de Pelé (71) e Zagallo (80). Nos áudios e nos teipes daquela copa é possível comprovar o uso generalizado de anglicismos.
Cartão: do francês carton e do italiano cartone, mas com o sentido de papel espesso. Depois veio a designar qualquer papel, em geral retangular, como cartão de visita, de embarque e magnético. Os mais conhecidos hoje são o de crédito, o de débito e os cartões amarelo e vermelho, inventados em 1966 pelo juiz inglês Ken Aston (1915-2001). Enquanto aguardava a abertura de um sinal de trânsito em Londres, ele pensava numa solução para o que ocorrera no dia anterior: o juiz alemão Rudolf Kretlein (93) não entendia o que diziam os jogadores argentinos e esses não entendiam o que ele dizia. Os cartões amarelo e vermelho passaram a ser usados na Copa do México, em 1970.
Expulsar: do latim expulsare, pôr para fora. Antonio Ubaldo Rattín (75), capitão da Argentina no jogo contra a Inglaterra, na Copa de 1966, foi expulso no primeiro tempo, pela “expressão do olhar maldoso no rosto”, segundo o registo da súmula. Ele revelou depois que foi hostilizado pelos torcedores, mas não pelo povo inglês, que queria ter vencido de acordo com as regras. No outro dia passeou e fez compras em Londres e ninguém lhe cobrou nada.
Futebol: do inglês football, palavra composta de foot, pé, e ball, bola. Em 1400 esta palavra já estava registrada no inglês, designando jogo ao ar livre. Praticado por legiões romanas, tornou-se uma obsessão inglesa no século XIX. Em 1883, em Cambridge, foram formalizadas as regras do futebol, tal como o conhecemos hoje, que ganhou o mundo a partir de 1881, quando a palavra inglesa football passou a ser adaptada no português e no espanhol: futebol e fútbol, respectivamente. O alemão adaptou para Fusball (com a letra “s” na forma de “B”) e o francês manteve a grafia inglesa football. O italiano manteve cálcio, do genitivo calcis, do latim calx, calcanhar, mesmo étimo de calça, calçar, calçado. Um jogo parecido, o futebol escolar, por muito violento, foi proibido pelo rei inglês Eduardo III (1312-1377), que tal como todos os soberanos anteriores foi educado em francês, sem conhecer o inglês. A proibição durou cinco séculos. O Dia do Futebol é celebrado em 19 de julho.
Galicismo: do francês gallicisme, próprio do que é gaulês, do latim gallus, habitante da Gallia, Gália, região da Europa onde fica a França atual. Também os ingleses praticam galicismo, como é o caso do nome da Fédération Internationale de Football Association (Fifa), fundada em Paris, em 1904. Com angliscismos ou galicismos, a entidade organizou todas as copas do mundo até agora. A primeira, em 1930, foi vencida pelo Uruguai, goleando a Argentina na final por 4 a 2, e tornando-se bicampeão em 1950, ao vencer o Brasil na final, no Rio.
Hegemonia: do grego hêgemonia, pelo francês hégémonie, supremacia, preponderância, superioridade. Em grego, chefe é hêgemôn. O Aurélio usa um trecho de Cartas Devolvidas, de João Ribeiro (1860-1934), para abonar o vocábulo, quando o filólogo cita uma carta do arcediago Luís da Cunha (1662-1749), que aconselhou dom João V (1789-1850) a mudar a capital portuguesa para o Rio, certo de que “o futuro da raça estava no Brasil e de que a hegemonia do mundo teria de pertencer à América.” Recomendava também que o rei português adotasse o título de imperador do Ocidente. João Ribeiro prestou concurso para professor de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II, no Rio, mas foi nomeado, três anos depois, professor de História, apesar de ser filólogo.
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