Etimologia

Redação Publicado em 29/05/2012, às 12h23 - Atualizado às 12h29

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Cotelê: do francês antigo costelé, espécie de veludo, que depois se consolidou como côtelé, vindo de coton, algodão. Macio como veludo, que em latim vulgar é villutus, de villus, seu étimo remoto entretanto é o árabe qoton. Em Portugal, os portugueses ouviam al goton, incorporaram o artigo árabe “al” ao nome e virou algodão. Do mesmo modo, na Espanha virou algodón. O francês, assim como o inglês cotton, excluiu o artigo, naturalmente. 

Iemenita: de Iêmen, de um dialeto árabe yumn, felicidade. Ali viveu a lendária Rainha de Sabá (século X a.C.), uma das mil mulheres de Salomão (970-931 a.C.), terceiro rei de Israel. Numa lenda árabe, um vizir propõe a seu soberano, “senhor de 180 mil palmeiras”, expulsar os israelitas que vivem no Iêmen porque “eles constituem uma raça detestável”. O soberano procura um tecelão judeu e, na companhia do vizir, lhe pergunta: “Dos dez tiras tu dez para os doze?”. Ouve em resposta: “Dos dez não tiro nem para os 32”. O soberano retruca: “E quanto são para ti os 32 de cada dia?”. “Quatro, com dois incêndios”, responde o tecelão. “E, se esperas incêndio para breve, por que não depenas logo o pato?”. “Com a ajuda de Deus, em breve depenarei o pato”.

Putativo: do latim putativus, suposto, imaginário, inventado. É do mesmo étimo de putus, puto (menino em Portugal, mas palavrão no Brasil), puro, sem mistura, étimo presente também em putare, limpar, purificar, que deu podar em português. Em Portugal, o pai apresenta as crianças, dizendo: “Estes são os meus putos”, como explica Mauro Villar em seu Dicionário Contrastativo Luso-Brasileiro. No Brasil, puto significa desonesto e furioso.

Vizir: do árabe wazir, pelo turco vezir ou vesir, ajudante, pessoa que auxilia o superior a levar uma carga. Com a organização social mais sofisticada dos estamentos sociais, tornou-se assessor para determinado assunto. Entre os árabes, passou a designar preferencialmente o ministro, o governador de província ou algum outro alto funcionário aos quais o soberano delegava altos poderes.

Xadrez: do árabe xatrandj, adaptação do sânscrito chaturanga, os quatro membros, por referir as quatro divisões do exército representadas no jogo de xadrez. Muitos objetos apresentam tal disposição, como é o caso de charadas, frases ou palavras, em que cada letra vai para uma casa em branco e é separada de outra por uma casa em preto, semelhantes às do jogo de 64 peças, dispostas em 32 para cada oponente. Seu surgimento é explicado por lendas, uma das quais diz que um sábio visitou um pai que estava deprimido por ter perdido o filho e lhe apresentou o jogo com infantaria (peões), cavalaria (cavalos), carros de combate (torres), elefantes (bispos), o rajá e principal vizir (rei e rainha). Pediu para ser pago por um cálculo geométrico que começava com um grão de trigo pela primeira casa, mas que não poderia ser integralizado dessa forma porque requeria toda a produção tritícola por 2000 anos! Foi nomeado grão-vizir do reino!

Zaga: do árabe saga, originalmente parte posterior de qualquer coisa, depois força militar que ficava à retaguarda, pelo espanhol zaga. Por metáfora, veio a designar os dois beques que atuam entre o goleiro e o meio de campo. No verbete anterior, o vizir deve ajudar o soberano a defender o reino, atuando à frente dele, o último a ser derrubado em eventual ataque ao rei. O soberano pergunta ao ministro se ele entendeu o diálogo havido com o tecelão. Ele confessa que não. O rei diz que vai demiti-lo se ele não decifrar a charada, pois seria um vizir ignorante e nesta condição não poderia servir de ministro. O vizir procura o tecelão que lhe cobra caro por cada uma das explicações. Os 10 são os 10 dedos da mão, que devem alimentar os 32 dentes a cada dia (12 horas). Os quatro são sua mulher e três filhos. Incêndio é metáfora de casamento. E pato é a pessoa tola, que pode ser enganada num negócio, no caso o próprio vizir, que lhe pagou pelas respostas. E o rei mantém os judeus no reino por ser “um povo vivo e inteligente”, pois um tecelão é capaz de “reduzir a pato o vizir mais atilado do mundo”. Está em Lendas do Povo de Deus, de Malba Tahan, pseudônimo do escritor paulista Júlio César de Melo e Sousa (1895-1974).

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