Ajantarado: de jantar, do latim vulgar jantare, do latim clássico jentare, fazer o desjejum, que hoje é tomar o café da manhã, pois o jantar foi originalmente o almoço, depois pequeno almoço, como o chamam os portugueses. Nas famílias de classe média, o jantar tornou-se pequeno jantar, sopa ou lanche leve. Ajantarado designa mescla de almoço e jantar, realizado aos domingos e feriados na casa de pais, sogros ou avós, dependendo da perspectiva de quem dele participa, sem os horários fixos dos dias úteis. Começa por volta de 13h00 ou 14h00 e se estende até o fim da tarde ou o começo da noite. Eventuais cantorias do ajantarado nada têm a ver com baladas, pois o repertório, sendo vasto, confuso e difuso, não se atém a um gênero apenas.
Balada: do provençal ballade, palavra presente também no francês, designando desde o século XIII canção de três oitavas ou três décimas, narrando temas fantásticos ou melancólicos. Foi originalmente canção acompanhada de música para ballar, dançar. Estruturado geralmente em três estrofes, com ofertório e refrão, foi muito popular por narrar a vida de personagens lendários ou históricos. Hoje designa canção sentimental, em ritmo lento, interpretada por cantores de música popular, acompanhada por conjuntos de instrumentos modernos, como guitarra e teclado. No italiano tornou-se ballàta e, no inglês, ballade ou ballad. Em todas essas línguas, como no português, está presente o étimo do verbo bailar, dançar.
Carteado: de cartear, verbo formado de carta, do grego chártes pelo latim charta, papel especial para documentos, correspondências e mapas. Carteado designa qualquer jogo no qual são usadas cartas de baralho, nas quais estão representados e homenageados quatro soberanos famosos: Davi (1040-970 a.C.), rei de copas; Carlos Magno (742-814), rei de espadas; Alexandre Magno (356-323 a.C.), reis de paus; e Júlio César (100-44 a.C.), rei de ouros.
Emburrado: do particípio de emburrar, tornar-se burrus, burro, redução de burrico, do latim burricus, inicialmente cavalo pequeno e depois o animal híbrido resultante do cruzamento do jumento com a égua ou do cavalo com a jumenta. O emburrado adquire subitamente as características de um burro teimoso, desobediente. Crianças inconformadas tornam-se emburradas pela recusa em seguir recomendações dos mais velhos, sejam pais e avós, sejam professores. Curiosa é a origem remota de burrus, o grego pyrrhós, ruço, vermelho, aparência da pessoa que bebe ou come em demasia.
Recordar: do latim recordare, trazer de volta para o coração, corde em latim, declinação de cor. Recordações de acontecimentos memoráveis infestam datas e efemérides, sejam civis e religiosas, sejam militares. Muitos países recordam nos próprios nomes as personalidades a eles ligados, dentre os quais: Bolívia, para recordar Simón Bolívar (1783-1830); China, que lembra a dinastia chin, que governou o país no século III a.C., unificando-o para defender da pilhagem de tribos nômades as riquezas. Colômbia recorda Cristóvão Colombo (1451-1506). As Filipinas recordam o rei Felipe II (1527-1596), da Espanha.
Zé: de José, do hebraico Yôseph, pelo grego Iósepos e o latim Josephus, cujo significado é “Deus acrescenta outros filhos a ele”. Zé, Zezinho e Zezé são hipocorísticos, isto é, diminutivos carinhosos — Hypokoristicós em grego quer dizer suavizante. O equivalente a zé em espanhol é pepe, cuja origem controversa é a abreviação p.p. dos missais romanos, que com tais iniciais referiam São José (século I), pater putativus, pai putativo, isto é, adotivo, de Jesus. Outros hipocorísticos semelhantes no português são Fafá para Fátima ou Fabiana; Cacá para Carlos ou Carol. Os hipocorísticos são às vezes produzidos por sufixos diminutivos: Toninho, Marcinha, Julinho. E também por sufixos aumentativos: Paulão, Luisão. E ainda por truncamentos criativos, redobros silábicos e reduções inusitadas: Sebá, para Sebastião; Malu, para Maria; Lalá, para Laura; Zefa, para Josefa. Tivemos até presidentes da República que se tornaram conhecidos por seus hipocorísticos: Gegê, para Getúlio Vargas (1882-1954); Jango, para João Goulart (1919-1976); Lula, para Luís Inácio Lula da Silva (66).
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