Etimologia

Redação Publicado em 09/04/2013, às 11h37 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Basílica: do Grego basiliké pelo Latim basilica, palácio onde morava o basiléus, título dado a soberanos gregos, persas, macedônios. Passou a denominar também a residência do papa, depois que o cristianismo se tornou a religião oficial do império romano. Em Roma, basílica veio a denominar também o edifício público, coberto e retangular, com três naves separadas por colunas, abrigando mercados, tribunais e outras instituições. Ali se reuniam comerciantes e pessoas ociosas. E depois passou a servir de recinto às reuniões dos primeiros cristãos.

Coador: de coar, do Latim colare, tendo também o sentido de verter, filtrar. Na passagem do Latim culto para o vulgar, e daí ao Português, perdeu o “ele” intermediário e o “e” final. Seu significado mais comum é saco de pano ou de papel onde é posto o pó de café a ser filtrado na água quente. Há coadores de alumínio, aço e plástico. Em sentido metafórico, também a luz pode ser coada, como neste bonito trecho de As Luzes de Leonor, a Marquesa de Alorna, uma Sedutora de Anjos, Poetas e Heróis, da portuguesa Maria Teresa orta (76): “Os seus lugares de eleição são os quartos, as salas, os escritórios, onde a luz entra coada pelos cortinados de renda.” Em 2011, esse romance rendeu-lhe o Prêmio Dom Dinis, que se recusou a receber do primeiro-ministro Pedro Manuel Mamede Passos Coelho (49), “porque ele está a destruir o país”.

Encíclica: da redução do Latim littera encyclica, carta circular, radicado no Grego egkýklios, circular, cartas periódicas trocadas entre si pelos bispos. A origem remota das cartas é a folha de papiro, khártes em Grego, que virou charta em Latim, e carta em Português, ganhando a variante epístola, do Grego epistolé, ordem, mensagem. Littera encyclica virou apenas encíclica, que o papa divulga para orientar os católicos sobre algum tema doutrinário, como fez Paulo VI (1897-1978) ao proibir a pílula anticoncepcional com a encíclica De Humanae Vitae (A Vida Humana), alegando que seu uso indiscriminado ia quase impedir a reprodução humana nos países pobres. Mas foram os países ricos que mais a usaram para conter o crescimento populacional, tornando-o negativo em muitos casos.

Jurisdição: da declinação do Latim jurisdictio, direito de administrar o Direito e a Justiça, poder legal de que estão revestidas pessoas ou instituições, alçada, competência. A Igreja disciplina no Direito canônico uma série de jurisdições. Os privilégios de abadias e basílicas as exemplificam: elas não estão submetidas à autoridade eclesiástica local, respondendo apenas a Roma. A Argentina tem 11 basílicas; o Uruguai, duas; o Brasil, mais de 40.

Letra: do Latim littera, que veio a tomar do Grego gramma, presente em gramática, todos os sentidos. O étimo latino está presente também em letramento (variante de alfabetização), literatura, literato, letrado, iletrado etc. Ao passar do Latim clássico para o Latim vulgar, e daí ao Português, algumas letras desapareceram. Este processo é frequente em nossa língua, de que são exemplos dor (dolor, em Latim), doar (donare, em Latim), sair (salire, em Latim).

Obelisco: do Grego obeliskós, em forma de obelós, espeto, designando pedra monolítica vertical, apoiada em base retangular, ostentando uma pirâmide na ponta. Desde a Antiguidade denomina monumento alto e alongado, feito de pedra, alvenaria, mármore. Hoje, de concreto armado. O obelisco em frente à Basílica de São Pedro está ali desde o século XVI. Foi levado do Egito no reinado do imperador Calígula (12-41). Noséculo XVI, o obelisco foi mudado de lugar, do Circus Maximus, hoje um parque, para a Praça de São Pedro. Quando 600 trabalhadores e 150 cavalos o erguiam, o papa ordenou silêncio a todos, inclusive à multidão que assistia à instalação, sob pena de morte, porém um navegador de Gênova, chamado Breca, gritou bem alto: “Aqua alle funni” (“Água nas cordas”). Porque viu que, se elas não fossem molhadas, arrebentariam e seria uma tragédia. Foi perdoado pelo papa Sisto V (1520-1590), que dá nome à Capela Sistina, e recebeu o direito de vender palmas no Domingo de Ramos na Praça de São Pedro. Seus descendentes as vendem até hoje.

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