Às vésperas do ínicio do Fashion Business, maior bolsa de negócios de moda da América Latina, no dia 9 de janeiro, no Rio, Eloysa Simão (50), diretora-geral do evento, vive correndo de uma Reunião para a outra. Mas ninguém imagina que uma das executivas mais poderosas do mercado fashion no Brasil vira uma dona de casa nas folgas do trabalho, que adora fazer bordado e artesanato. É na casa de 2 000 m2 na região oceânica de Niterói, no Grande Rio, que realiza suas práticas manuais. "Cultuo o lar. Adoro costurar, restaurar móveis, arrumar as flores. Tudo isso é calmante, terapêutico mesmo. Aqui, cada cantinho tem a minha mão", orgulha-se ela, cujo evento, em parceria com a Federação do Comércio do Estado do RJ, terá desfiles de Carlos Miele (46), Patrícia Viera (54) e Victor Dzenk (41) na abertura.
Sinônimo de bom gosto dentro e fora da moda, Eloysa vê na simplicidade o segredo para uma vida feliz e equilibrada. "Não admiro pessoas ou ideias pretensiosas. Gosto do autêntico. Quer me deixar feliz? Sirva frango com farofa. Adoro! Também curto filmes de comédia pastelão e músicas românticas que chamam de brega. Amo ter a família reunida. Isso, sim, é felicidade", avalia ela, mãe de Daniel (30) e Júlia (25), de uniões anteriores, e há cinco anos casada com o empresário Kleber da Matta (52).
- Como você se divide entre as tantas atribuições?
- Tive meu filho com 20 anos. Em plena universidade, enquanto cursava jornalismo e atuava no movimento estudantil. Mesmo com ajuda do meu primeiro marido, que foi ótimo pai, me vi com muitos compromissos desde cedo. Larguei a militância política para exercer a maternidade, estudar e ganhar dinheiro ao mesmo tempo. Então, venho de anos de trabalho árduo. Agora, abri mão de eventos fora do Rio para me dedicar mais à vida pessoal. Durante a semana fico no meu apartamento em Copacabana. Sábados e domingos venho para cá com Kleber, onde descansamos, recebemos amigos, damos festas e até trabalhamos.
- A maternidade precoce fez com que você tivesse uma juventude cheia de responsabilidades. Isso fez diferença na sua vida?
- Sim. Mas há um ditado: 'eu sou eu e minhas circunstâncias.' Meu caminho foi esse. Tudo tem sua dor e seu prazer. Algumas amigas que tiveram essa mocidade tão solta e optaram por não ter filhos, hoje, envelhecem de uma forma meio chata, eu acho. A maternidade foi a melhor coisa da minha vida.
- Na sua opinião, qual é a melhor coisa dos 50 anos?
- É a sensação de não ter que provar mais nada a ninguém. As pessoas já sabem o que são. Ou pelo menos, deveriam saber.
- Tem medo de envelhecer?
- Temo a falta de saúde física e mental. Há pessoas idosas que não querem aprender mais nada, nem desvendar lugares desconhecidos. Nunca vou restringir meu mundo a uma cadeira em frente à TV. E aposentadoria é algo que não passa pela cabeça. Mais para frente quero escrever um livro de crônicas.
- Você é irrequieta. Toda hora levanta para ajeitar algo...
- Tenho um pouco de Toc, o transtorno obssessivo compulsivo. Daqui a pouco vou ajeitar a almofada que está torta. (risos)
- Se considera mais romântica ou mais prática?
- Sou romântica, mas em alguns momentos da vida, extremamente prática. Não saberia definir uma linha. Em casa, sou vintage. Gosto muito do ar de passado, de coisas restauradas. Adoro catar velharia.
- É muito vaidosa?
- Sou vaidosa, mas não muito. Cuido da pele, dos cabelos, evito sol forte, faço yoga, pilates e quando dá, caminho. Nunca fiz plástica, apesar de não ser contra. Só tenho medo de mexer no rosto e ficar com cara de boneca de cera.
- Há elementos budistas na casa. Você segue a religião?
- Sou meditante e sigo os preceitos de Cristo e de Krishna. Acredito piamente em Deus. Acho que ele nunca nos manda um fardo se não conseguimos suportá-lo.
- Como define seu estilo?
- Contemporâneo. Gosto muito de moda. Sou ligada em sapatos, bolsas, bijuterias e acessórios, mas sem ser uma fashion victm. Jamais usarei alguma roupa só porque ela naquele momento está in.
- E qual é o melhor e o pior do mundo fashion?
- O melhor é a capacidade que a moda tem de gerar trabalho. Somos o segundo setor empregador. O pior é a pessoa se confundir com o glamour que vende. Somos peões. O ego e a competição excessiva podem ser destruidores.
- Já errou no look alguma vez?
- Várias vezes. Por causa de uma adversidade, fui a uma reunião em São Paulo com um vestido decotado, errado para o compromisso. Tentei disfarçar com a bolsa, mas não funcionou. Também já comprei uma roupa em tecido de papel, que, quando andava, fazia um barulho tenebroso.