É certo que haverá uma pandemia de gripe, só não se sabe quando

João Toniolo Neto Publicado em 02/03/2006, às 14h51

João Toniolo Neto -
O mundo vive o pesadelo da gripe aviária. Tudo começou em 1997, na Ásia, quando 18 pessoas contraíram um vírus de frangos altamente contagioso - o H5N1- e seis morreram. Na mesma região, houve mais casos em 2003. Passou-se a sacrificar aves domésticas em massa para evitar que se espalhasse. A medida pode até ter retardado a difusão do vírus, mas não a impediu. O H5N1 já atingiu grande parte dos países asiáticos, a Nigéria, na África, e integrantes da União Européia. Muitas pessoas contraíram o H5N1 no contato com aves contaminadas e mais de 90 morreram. A gripe atinge aves e mamíferos, incluindo humanos. Há registros de epidemias desde 2000 anos a.C. A doença é provocada pelos vírus influenza. Por volta de 15 tipos causam-na em aves e três em humanos. Os sintomas são intensos, repentinos. Em geral o portador até sabe a hora em que começou. É comum dizer, por exemplo: "Tive calafrios às 4 da tarde..." Outros sintomas são febre, dores musculares, mal-estar e tosse (sintomas gerais). Já o resfriado, bem mais ameno, se caracteriza por inflamação das vias respiratórias superiores, com o surgimento de coriza e dor de garganta (sintomas locais). Por volta de 600 milhões de pessoas têm gripe todo ano no mundo e 1 milhão a 1,5 milhão morrem dela ou das complicações. Nas duas últimas décadas, matou 25 milhões de pessoas. Os vírus influenza, como os outros, estão em constante mutação em aves e humanos. A variação anual, claro, é pequena. Por isso o organismo das pessoas saudáveis em geral os neutraliza. Para as mais frágeis, como as idosas, os laboratórios refazem a vacina todo ano, incluindo as variedades mais comuns dos vírus circulantes. Agora, como existe o risco de pandemia (epidemia que se alastra pelos continentes), todos devem vacinar-se anualmente. Assim, não terão a gripe comum. E, caso apresentem sintomas, fica mais fácil desconfiar e procurar o médico, porque pode ser indício do influenza pandêmico (H5N1). Desde 1500, não se sabe por quê, três vezes por século o influenza sofre uma mutação total, em geral em aves, e mata milhões delas. Como continua em mutação, em certo momento adquire características que lhe permitem entrar nas células humanas. Então, humanos se contaminam pelo contato sobretudo com aves que lhes são mais próximas e apresentam gripe aviária. É o que ocorre atualmente. A estratégia, nessas ocasiões, é sacrificar as aves domésticas nas regiões de gripe para evitar que contaminem humanos e, ao mesmo tempo, que, pela constante mutação, o vírus influenza adquira características que o torne transmissível entre humanos. As entidades de saúde vivem hoje o "terror" da certeza de que um dia isso ocorrerá com o H5N1. Só não sabem quando, a intensidade e a dimensão. O risco de a gripe aviária chegar ao Brasil é remoto, porque o país não está nas rotas de imigração de aves da Ásia e do Leste Europeu. Além do mais, as criações de aves de corte aqui são muito resguardadas, isoladas, não havendo, pois, o risco de aves migratórias doentes entrarem em contato com elas e passar-lhes gripe. Mas, na hora em que o influenza se tornar transmissível de uma pessoa a outra, também nós podemos ser atingidos. No passado, eram necessários 40 dias para se dar uma volta ao mundo; hoje, isso leva quatro dias. É fácil alguém contrair o vírus na Ásia, tomar um avião, desembarcar aqui e contaminar a população. As pandemias, mostra a história, ocorrem com intervalos de cerca de 40 anos. A última foi em 1969. A próxima, estimam os setores de saúde, pode ser entre 2008 e 2017, até antes. As gripes comuns matam mais idosos; já nas pandemias, não se sabe por quê, morrem mais jovens. O mundo atual é muito diferente de 1918, quando a gripe espanhola matou 40 milhões de pessoas. Os órgãos de saúde estão vigilantes e dispõem de mais recursos. A Medicina evoluiu. Temos antivirais eficazes e podemos produzir vacinas mais rapidamente. Mas precisamos ser realistas e ficar atentosàs orientações das entidades mundiais.
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