Aos 74 anos a médica pediatra e sanitarista
Zilda Arns Neumann esbanja uma energia difícil de acreditar.
"É que eu mamei três anos e meio no peito", argumenta ela, com leveza e bom humor. Zilda, que já foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com a Pastoral da Criança, festeja agora em 2009 meio século de dedicação à medicina.
"Eu estava lembrando outro dia que desde os 15 anos queria ser médica. Papai não gostava da ideia, mas um dia sem motivo aparente, permitiu. O começo foi muito duro. Éramos presença rara no meio e não foi fácil conquistar a confiança dos colegas", afirmou.
Os desafios fizeram desde cedo a catarinense de Forquilinha se transformar em uma guerreira. O trabalho próximo às comunidades pobres fez dela a idealizadora da Pastoral da Criança, uma metodologia comunitária de multiplicação de conhecimentos que atende hoje cerca de dois milhões de gestantes e 1,4 milhão de famílias pobres.
"Vejo, 26 anos depois, que fizemos um bonito trabalho que mudou a vida de muita gente. Me sinto feliz por isso", contou ela, na sede da Pastoral de Criança, em Curitiba, onde também funciona desde 2004 a Pastoral do Idoso, outra criação de Dra. Zilda.
No local, a elegante senhora, amorosa avó de dez netos, dá expediente todos os dias.
"Hoje atuo somente na coordenação internacional da Pastoral, o que é bastante trabalho", disse ela. Na agenda, sempre repleta de viagens pelo mundo, sempre sobra espaço para uma passagem nas comunidades atendidas.
"Gosto de ver o trabalho de perto. São tantas histórias, tantas vidas ao longo desses anos", comentou ela, durante visita à Comunidade Santos Andrade, no bairro Campina do Siqueira, em Curitiba.
Cheia de novas ideias, Dra. Zilda ainda planeja escrever suas memórias.
"Ando meio sem tempo, mas é um objetivo", contou ela, que em meio aos projetos do dia a dia não abre mão de alguns segredinhos.
"Meu tempo com a família é sagrado para repor as energias. Também não abro mão da boa alimentação. Entre vários alimentos saudáveis que como, sem dois ovos pela manhã e ao menos seis frutas diariamente, eu não vivo", entregou ela.