...o casamento. Plebeu se originou do latim plebeius, plebe, classe popular na Roma arcaica. Quanto a regicídio, do latim medieval regicidium, assassinato do rei ou da rainha, veio de rex, rei, e occidio, matança.
Adoção: do latim
adoptione, adoção, formada de
ad (por) e
optione (opção). No Direito, desde a Roma antiga, instrumento jurídico pelo qual o filho alheio ingressava na família como se fosse irmão dos legítimos. Poderia ser considerado descendente ainda quando o
pater familias (pai de família) estava vivo ou depois que este morria, na leitura do testamento. Os romanos adotavam famílias inteiras, incluindo pai, mãe, avós, todos dali por diante considerados descendentes do adotante. O Direito romano, nascido em contexto de práticas sacerdotais, usava muito a mão nos ritos, dando a idéia de que se punha a mão sobre algo. Na adoção, semelhando bênção, a criança recebia um
afago. O próprio casamento podia ser feito
cum manu (com mão) ou
sine manu (sem mão). No primeiro caso, a mulher era tida como nova filha que ingressava na família do marido. No segundo, continuava ligada à família original.
Contubérnio: do latim
contubernium, casamento entre escravos, instituído nos primórdios da República, em Roma, quando o escravo passou a ter alguns direitos. Um deles, o de unir-se nesse tipo de matrimônio: licença do Estado para constituírem família sob o mesmo teto. Reservava-se o matrimônio a casais de melhor estirpe; marido e mulher denominavamse
cônjuges. Em latim,
taberna é choupana, construção rústica, sentido que depois se consolidou para designar a casa do soldado romano e o estabelecimento onde eram vendidas bebidas e petiscos. Sendo freqüentada por pessoas de má índole, que ali tramavam crimes, contubérnio tornou-se palavra pejorativa.
"Além de lhes ser molesto o contubérnio com idólatras, tinham suspeitas de que a pureza não fosse flor muito do seu canteiro", escreveu
Aquilino Ribeiro (1885-1963), romancista português atento a um rico material lingüístico, em
Portugueses das Sete Partidas. E o romancista maranhense
Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934), em Rio Negro:
"Revoltava-se contra a raivação danada que a bestializava, vituperando, com ódio frenético, quantos apanhava em contubérnios ou conchavos concupiscentes."
Dote: do latim
dote, declinação de dos, do verbo
dare, dar. Dote designa o bem ou os bens que a noiva ou o noivo leva para a vida em comum iniciada com o casamento. No casamento do Direito romano
cum manu, o dote era incorporado ao patrimônio do marido; no
sine manu, continuava livre das mãos do marido, integrando a parafernália, palavra formada a partir do grego para (junto, com) e pherne, dote. O enxoval era bem parafernal, palavra que no português significa roupas e objetos pessoais pertencentes à noiva. Parafernália mudou de sentido, passando a designar pertences, tralha. Enxoval veio do árabe
ax-xavar.
Plebeu: do latim
plebeu, declinação de
plebeius, plebeu, pertencente à plebe, ao povo, formação social da Roma arcaica. O povo estava acima dos escravos e abaixo dos clientes, estes ligados à classe dominante, os patrícios. Vindos de outras regiões, plebeus residiam na periferia e eram agricultores, comerciantes e artesãos. Aos clientes, estrangeiros sob a proteção dos patrícios mas às vezes mais ricos, vedava-se a cidadania romana e o culto aos mesmos deuses, ainda que participassem das festas de famílias poderosas. A era arcaica vai da fundação de Roma, em 753 a.C., até 510 a.C., quando dois cônsules,
Lúcio Júnio Bruto e
Tarquínio Colatino, liderando um grupo de senadores, derrubaram o sétimo rei,
Tarquínio, o Soberbo (século VI a.C.) e inauguraram a República. Em português, o primeiro registro de plebeu, ainda escrito plebeio, dá-se em um texto jurídico, as Ordenações Afonsinas, no século XV. Entretanto, com sentido pejorativo, aparece no século seguinte em Comédia EufrosinaI, de
Jorge Ferreira de Vasconcelos (1515- 1585):
"E por afear muito o caso importa muito faze-lo plebeio."
Regicídio: do latim medieval
regicidium, assassinato do rei ou da rainha. Em latim, reié
rex, nome de cachorro no português e em outras línguas, e occidio é matança. O vocábulo foi criado por analogia com homicídio. O regicídio foi perpetrado muitas vezes, desde os primórdios da civilização romana, às vezes sob pretexto de outros delitos. Mas raramente assassinos ficavam impunes. O rei Tarquínio, cruel e soberbo, foi derrubado porque seu filho,
Sexto, estuprou
Lucrécia, filha de um patrício e casada com outro poderoso. A família real tinha antecedentes no crime: para chegar ao trono, o rei, estimulado pela esposa, matara o sogro,
Sérvio Túlio (século VI a.C.). O primeiro rei de Roma,
Rômulo, matara o irmão gêmeo, Remo. Eram filhos de
Réia Sílvia, presa pelo tio, que arrebatara o trono do irmão, e não queria descendentes, mas a sobrinha foi engravidada pelo deus Marte. Os gêmeos sobreviveram ao afogamento da mãe pelo tio-avô e uma loba amamentou-os.