Define-se como pneumotórax o vazamento de ar do pulmão para a cavidade pleural. Cada um dos pulmões, vale relembrar, é circundado por uma estrutura que se compõe de três elementos: a pleura visceral, membrana que os recobre; um espaço virtual fechado; e a pleura parietal, que recobre a cavidade torácica internamente. O ar que vaza do pulmão atravessa a pleura visceral e se acumula no espaço virtual, chamado espaço pleural.
Divide-se o pneumotórax em primário e secundário. O primário ocorre sobretudo em homens de 20 a 30 anos, longilíneos, independentemente de serem ou não fumantes. A incidência anual é de 10 casos a cada grupo de 100000 pessoas. A causa ainda não é conhecida. Mas exames de anatomia patológica mostram bolhas no pulmão ("blebs"), que estouram, rompendo a pleura visceral e levando ao vazamento de ar para a cavidade pleural. Ao se fazer biópsia se constata uma fraqueza da pleura visceral. Parece tratar-se de um problema genético hereditário, pois em geral existem outros casos na família. No pneumotórax primário, o ar pode desaparecer da cavidade pleural espontaneamente, mas o risco de o fenômeno se repetir é de 50%.
Já o secundário pode ocorrer com qualquer pessoa. As causas básicas são: traumas por quedas ou acidentes com veículos; ferimentos por facas ou tiros; e moléstias como pneumonia, tuberculose, enfisema pulmonar no fumante, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e câncer. No caso dos traumas e ferimentos, a pleura visceral é perfurada, com a consequente saída de ar do pulmão para a cavidade pleural. Já as doenças destroem porções do pulmão e pontos da pleura, por onde o ar escapa do pulmão.
Os sintomas do pneumotórax são: falta de ar (dispnéia) e dor difusa no peito, nas costas e no ombro ao respirar. Pneumotórax moderados, resultantes de pequenas quedas, por exemplo, em geral não provocam grandes problemas. Mas nas situações mais complicadas, sobretudo em caso de acidentes graves, pode acumular ar em excesso na cavidade pleural, pressionando o sistema circulatório e o coração e causando parada cardíaca, o que às vezes é fatal.
Pode-se diagnosticar pneumotórax com um simples estetoscópio: percute-se o tórax e as costas do doente e se ouve no aparelho os ruídos de seu pulmão. Confirma-se o diagnóstico com radiografia ou tomografia, que mostram o pulmão colapsado ("murcho").
Quando o pneumotórax provoca sintomas discretos, não se faz nada. Só se põe o doente em observação, pois em geral o organismo reage e o problema desaparece. Nesse período, pode-se dar ao paciente suplementação de oxigênio para corrigir os níveis pulmonares e apressar a reabsorção do ar da cavidade pleural. Portadores nos quais pelo menos um quarto do pulmão perdeu ar sempre fazem drenagem - consiste em introduzir um dreno tubular, por cirurgia, para escoamento do ar da cavidade pleural. Usa-se a drenagem também quando o fenômeno atingiu menos de um quarto do pulmão, mas a pessoa está com falta de ar, pelo perigo de má oxigenação, pondo em risco órgãos nobres como o cérebro. Nas situações em que o pneumotórax resulta de doenças, é preciso fazer a drenagem e tratá-las. Se não se consegue superar o pneumotórax com drenagem, recorre-se à cirurgia definitiva, realizada geralmente por videotoracoscopia.