Carmo Dalla Vecchia: Alcino em sua vida

Carmo Dalla Vecchia não será o mesmo após Cama de Gato: além de aprender muito sobre a vida, já decidiu o que faria se tivesse uma doença terminal: parar a dieta e comer batata frita e biscoito de morango todos os dias

Redação Publicado em 02/02/2010, às 16h47 - Atualizado às 17h53

Carmo Dalla Vecchia - CARAS
Para interpretar o personagem Alcino na novela das seis da Rede Globo, Cama de Gato, Carmo Dalla Vecchia precisou mergulhar fundo em estudos sobre filosofia e humanismo. Seu livro de cabeceira foi Por um Fio, de Drauzio Varella, mas muito de sua interpretação provém também das experiências que a vida lhe proporcionou, como as questões da religião, da amizade e da ética. Na trama, Alcino é o melhor amigo de Gustavo (Marcos Palmeira), que além de sofrer uma doença terminal, é enganado por Verônica (Paola Oliveira), ex-mulher do companheiro, e acaba na prisão. Mas fora todas as questões que envolvem a história, uma verdadeira 'trama de gato', o que Carmo já decidiu é o que faria se estivesse vivendo a mesmo situação de saúde de Alcino. Praticante do budismo há mais de 12 anos, ele revela que "se estivesse com uma doença terminal, ia conhecer o mundo, ter prazeres, comer muito, e nunca mais fazer dieta na vida", brinca em recente entrevista ao Portal CARAS. Vecchia começou a carreira como modelo e apareceu na telinha há 15 anos, com a minissérie global Engraçadinha, e durante a conversa falou ainda sobre suas preocupações com o bem estar físico e emocional. "Quando você é ator tem que se cuidar. Eu nunca passo fome na minha vida, mas eu não posso comer todo dia batata frita e biscoito de morango que é minha grande paixão desde criança. Eu me cuido, mas tenho limite da vaidade", diz o artista, que vive na correria entre as gravações e a turnê do espetáculo Estranho Casal. Confira trechos da entrevista! - Como está sendo interpretar Alcino, um personagem que está sofrendo com uma doença terminal, que é enganado, julgado e culpado? - Eu tive a chance de ser chamado para fazer um personagem bem diferente de tudo que eu fiz: Alcino que vai morrer, que tem no máximo um ano de vida por conta de uma doença terminal na cabeça. Então, a minha história fala muito sobre a morte; toca numa coisa que geralmente as pessoas têm muito medo de falar. Ele serve como um gatilho para que a história toda comece a acontecer porque ele resolve ajudar o grande amigo dele que é o Gustavo. Os dois cresceram juntos, enriqueceram juntos, só que têm uma relação completamente diferente com a vida. O Alcino é um cara que usa o dinheiro para o prazer dele, para ser feliz. O Gustavo se tornou muito apegado, muito rançoso com as coisas que aconteceram no passado dele, com os sofrimentos dele. O Gustavo quando descobre que vai morrer quer fazer diferença na vida das pessoas que ele ama. - Precisou se preparar para esse personagem? - Olha, eu li um livro chamado Por um Fio, do Drauzio Varella, que fala da experiência de vida no limiar da morte, pessoas que tiveram câncer e que estão passando por um processo parecido com o do Alcino. Agora, eu sou praticante budista há mais de 12 anos e todo o ensinamento, toda a parte filosófica do personagem que fala de humanismo, de relação com a morte, vai muito ao encontro com a minha filosofia de vida. Com a minha prática religiosa aprendi muitas questões que o Alcino já tem muito elaboradas na vida dele, apesar de não ser um personagem budista. - Você acredita que a história de Alcino quer passar alguma mensagem às pessoas? - Claro. Fala sobre ética, fala sobre amizade. Questões que a humanidade sempre fala desde que existe. Desde que nós nascemos, falamos de amizade, de ética, da importância de ser justo com as pessoas que estão ao redor, o quanto é importante você ter uma imagem de um humanismo muito maior com um universo que está ao seu redor. Justamente, essa história e esse personagem têm isso muito claro. Ele quer resgatar os valores dele. - O que você faria se soubesse que tem uma doença terminal? - Eu acho que viajaria muito, mas acho que teria uma relação com a morte parecida com a que Alcino teve, de não deixar se abater tanto e não achar que o mundo vai acabar porque descobre que vai morrer. É uma situação muito difícil de falar. Acho que ia conhecer o mundo, ter prazeres, comer muito, nunca mais ia fazer dieta na vida. Talvez, não fosse numa academia tão cedo. Se bem que exercícios eu faço por prazer, mas se isso acontecesse, ia me dedicar a outros prazeres, os mais 'heavy metal'. Tipo comer muito, os sete pecados, ia virar meio Marlon Brando, me alimentar basicamente de iogurte, granola e mel todo dia, ia comer muito misto quente, ia fazer muita coisa que eu não devo quando estou gravando novela. - Você fala de dieta e de tudo o que tem que fazer quando está gravando. Você é vaidoso, ou cuida do corpo pelos seus personagens? - Eu sou um cara que comecei a faculdade de educação física. Não faço regime, mas quando você é ator tem que se cuidar. Eu nunca passo fome na minha vida, mas eu não posso comer todo dia batata frita e biscoito de morango que é minha grande paixão desde criança. Eu me cuido, mas tenho limite da vaidade até pela própria cidade que a gente mora. O Rio é uma cidade praiana onde o povo é mais relaxado. Tenho um bom senso, não é nada demais. Uso protetor solar, é o máximo que eu faço. - Como é seu programa de exercícios? Qual seu segredo para manter a boa forma? - Procuro fazer atividade física todos os dias. Quando não estou gravando novela, eu malho todo dia, corro todo dia, mas isso eu faço muito por prazer. - Além da novela, você também está em cartaz com no teatro com a peça Estranho Casal. Como tem se dividido entre os dois trabalhos? - Está sendo tranquilo porque eu gosto muito do que faço, mas realmente é um corre corre. A carga horária dessa novela é bastante puxada porque tem muita ação, eu gravo em vários núcleos, passo por vários lugares. Há alguns dias eu não tenho folga. Mas eu adoro curtir o espetáculo que eu estou fazendo. A produção também é minha, eu o faço com maior prazer, com maior carinho. No início foi um pouco difícil para conciliar, quando a gente começou a viajar para fazer turnê, mas agora está tudo tranquilo. Está maravilhoso. - É a primeira vez que produz teatro? - É um dos primeiros espetáculos que eu produzo. Eu tive uma grande sorte tanto pelo elenco quanto pela equipe técnica. Foi um grande sucesso e fazer sucesso no teatro não é sempre. Então, eu não tenho como matar esse 'filho' que eu tenho um prazer tão grande em fazer e que está dando tão certo.
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