O jovem ator Cadu Paschoal, que vive o dalit Hari em Caminho das Índias, fala sobre o primeiro personagem na TV, carreira, ídolos, namoros, família e próximos trabalhos
O ator
Cadu Paschoal encantou o público da novela
Caminho das Índias, da Globo, ao viver o pequeno dalit Hari, neto de Puja (
Jandira Martini), mostrando a vida difícil dessas pessoas na sociedade indiana, além de emocionar a todos com o amor por Anusha (
Karina Ferrari), uma menina da casta dos comerciantes.
Mas o romance proibido fica só na novela, já que Cadu, com seus 12 anos de idade, contou que já namorou algumas garotas, mas ainda não viveu uma grande paixão como a do seu personagem, só "namorinhos de criança". Estudioso e dedicado na sua carreira, o artista afirma que adora ler e que seus atuais livros de cabeceira são presentes de Jandira Martini e integram a coleção
Shakespeare em Quadrinhos:
Bravo, Sr. William Shakespeare e
Sr. William Shakespeare Teatro.
A trama de
Glória Perez foi o primeiro trabalho de Cadu na televisão, que já tinha um histórico de comerciais, peças teatrais e cinema. Cadu ficou muito feliz por fazer esse trabalho e ter aprendido um novo jeito de atuar, além de levar lições de vida com as histórias de seu núcleo indiano, como uma bela fala do personagem Shankar (
Lima Duarte), sobre sonhos.
Confira abaixo trechos da conversa de Cadu Paschoal com o Portal CARAS.
-O Hari se apaixonou pela Anusha e quer se casar com ela. Você já se apaixonou?
-Assim, paixão, paixão, ainda não. Já tive uns namorinhos de criança, mas nada sério. Ainda não tive um grande amor.
-Acredita que um amor pode começar entre duas pessoas assim tão jovens e perdurar até a idade adulta?
-Acho que sim, isso pode acontecer sim.
-Você sonha em se casar? Como seria a cerimônia?
-Sonho sim, mas não imaginei como seria não.
-Tem namorada?
-Agora não, mas já tive umas 3 ou 4 namoradas.
-Teve alguma atividade ou passeio que durante a novela você não fez e agora, com o encerramento, gostaria de fazer? O quê?
-Eu queria muito ir para a Bahia, mas por causa das gravações não dava. Mas em outubro eu vou ter uma tarde de autógrafo lá, aí vai dar pra ir.
-O que mais te impressionou na cultura indiana?
-É até difícil de falar, é totalmente diferente do nosso jeito, é tudo muito novo para nós, mas acho que posso falar o modo de vida deles, isso me impressionou bastante porque são bem diferentes de nós, eles acreditam e vivem de um jeito bem diferente do que estamos acostumados.
-Teve alguma cena que você mais gostou de fazer?
-Uma cena que eu mais gostei e ao mesmo tempo me senti muito nervoso... Acho na verdade que foram duas. A minha primeira cena, porque era a primeira vez que eu gravava para a televisão; e uma com o Tony (Ramos). Essa era uma cena em que eu nem falava, ele passava perto da Puja enquanto ela estava varrendo o chão e mandava ela sair da frente, e ela saía. Eu fiquei muito nervoso para atuar do lado dele. A minha coach, que ajuda a gente nas gravações, me apresentou para o Tony e eu fiquei um pouquinho mais tranquilo.
-O que vai fazer depois da novela? Tem novo trabalho, vai viajar?
-Eu vou fazer um filme, que se chama
Sudoeste, uma participação. Vou fazer o personagem Ciridoco, ainda não recebi a história dele, mas devo começar a filmar em outubro. E também estou fazendo uma peça no Projeto Escola,
Alegria de Viver, que é uma peça infantil em que faço o Dom Morcego.
-Essa é a sua primeira peça? Você gosta de fazer teatro?
-Não, eu já fiz outras duas peças antes dessa. Gosto sim de fazer teatro, adoro, é muito bom. É totalmente diferente fazer teatro e televisão, no teatro é tudo na hora, a emoção é naquele momento, o público é na hora, você sente tudo ao vivo, o pique é diferente... E na TV é mais calmo, você pode gravar de novo, é mais tranquilo. É difícil distinguir, eu não sei o que prefiro, acho que fico com os dois.
-Qual atividade você mais gosta de fazer no seu tempo livre?
-O que eu mais gosto de fazer quando não estou gravando é ler, eu leio muito. Um livro que estou adorando é um do
Shakespeare em Quadrinhos, que tem as histórias de
Hamlet,
Romeu e Julieta e
A Tempestade. Quem me deu esse livro foi a Jandira Martini, há poucos dias.
-O que você vai guardar de recordação do seu personagem?
-Eu vou guardar um prêmio que ganhei com ele, o Cap de Ouro (entregue pelo grupo Jornais de Bairros Associados), foi muito bom ganhar esse prêmio com o Hari, valeu muito, esse foi o meu primeiro personagem na TV e já ganhei um prêmio, vai ser difícil de esquecer.
-Pratica algum esporte?
-Não pratico, eu não gosto muito não. Quando terminar a novela eu quero começar a fazer natação, ainda não sei nadar, vou fazer as aulas para aprender. Enquanto eu estou no teatro, o meu irmão,
Carlos Evandro, que tem sete anos, está no futebol, é um caminho totalmente diferente.
-Quem é o seu "herói"?
-Na verdade os meus heróis, que são a minha família, minha mãe,
Maria de Fátima, meu pai,
Alcir, e o meu irmão, Carlos Evandro. Porque são eles que sempre estão do meu lado, e me ajudam bastante.
-Tem algum ídolo?
-O meu ídolo é Deus, eu sou católico e muito religioso. Já fiz a primeira eucaristia e, junto com o meu irmão, sou coroinha da igreja.
-Quando você começou sua carreira de ator?
-Eu comecei quando tinha cinco anos. Na verdade quem ia começar a trabalhar era o meu irmão, ele tinha um aninho, mas o moço me perguntou se eu também queria fazer e, como eu não conhecia e sou muito curioso, quis fazer e deu certo. O meu primeiro trabalho foi um comercial para o Ponto Frio em 2005, eu devia ter uns 6 ou 7 anos. Já fiz curso de interpretação na Agência TV Arte, em Niterói, e também com o
Carrique Vieira.
-Hoje você tem 12 anos de idade, quando você crescer, quer continuar a ser ator?
-Pretendo continuar sim, quero fazer faculdade de Artes Cênicas e crescer na profissão. E quem sabe até ser um grande diretor.
-Tem algum personagem que você um dia gostaria muito de interpretar?
-Eu gostaria de fazer um vilão, deve ser bem legal. Uma vilã que eu gostava muito era da Flora, de
A Favorita, que tinha os altos e baixos da história, achei muito legal. Na peça que estou fazendo, o meu personagem no começo é um pouco vilão e no final ele acaba bonzinho.
-A novela está chegando ao seu fim. Como você gostaria que o Hari terminasse a novela Caminho das Índias?
-Eu queria que ele ficasse casado com a Anusha, também isso que está acontecendo com a avó dele, dela ter ganhado a eleição, e que eles realmente quebrem essa história de ser dalit, o preconceito.
-Durante os meses que viveu o Hari, você deu vida a todos os seus sentimentos. O que você faria se estivesse na pele do seu personagem?
-Eu não mudaria nada, é difícil de pensar. Antes da gente fazer a novela, nós estudamos e pesquisamos muito, tivemos aulas de como comer, dançar, se vestir, para tentarmos entender um pouco mais. É muito difícil me imaginar na pele dele, é diferente, outra cultura.
-Como foi fazer essa novela da Glória Perez? Gostou do texto, do elenco, do personagem?
-Gostei muito, foi a minha primeira novela e em horário nobre, é um grande presente da Glória para mim. Também teve um grande elenco, eu adorei todos! Eu jamais pensei que o personagem fosse crescer tanto, pensei que as pessoas não iriam entender a parte de ser um dalit, da dificuldade, mas todos entenderam.
-Já está sentindo saudades da novela?
-Eu não gosto nem de imaginar que chegou no final e vou ter que me despedir de todos, mas como toda novela, chega um dia que acaba. E vai ser uma saudade boa, saudável, eu só tenho a agradecer.
-Foi difícil fazer o Hari?
-Vou te confessar que não muito fácil não. Foi tudo muito novo, eu não conhecia esse universo da TV, como era gravar uma novela, e também teve a diferença da cultura indiana. E aos poucos, quando fui aprendendo mais, foi ficando mais fácil. Foi uma caixinha de surpresa.
-Você teve ajuda dos outros atores com quem você contracenou?
-Sim, sempre que eu sinto uma dúvida eu pergunto. O
Lima Duarte, a Jandira, o Tony sempre me dão dicas de como fazer uma cena que eu estou com dificuldade. Uma vez com o Lima, assim que surgiu o romance com a Anusha, eu não sabia como falar uma frase e ele disse faz assim que vai ficar melhor ou fala desse modo. Foram todos muito legais comigo.
-O que você mais aprendeu com o Hari e que levará para a sua vida?
-Acho que em primeiro lugar o respeito com o próximo, saber lidar com as diferenças do outro, e sempre acreditar nos sonhos, porque o Hari sonhava um dia mudar de vida com a avó dele e conseguiu. Eu gosto muito de uma frase de Shankar que é assim:
"Primeiro se sonha, para depois concretizar o sonho".