por Patrícia Albuquerque
Na casa onde mora há 23 anos, no Joá, Rio, a cantora Beth Carvalho (60) convive com suas grandes paixões: livros sobre samba e História e a filha, Luana Carvalho (25), a maior de todas. A atriz é fruto da união de Beth com o ex-jogador de futebol Edson de Souza Barbosa (62), com quem foi casada por três anos. Mesmo tendo se mudado da casa da mãe em 2004, Luana está sempre presente, mantendo a sintonia que sempre as uniu. "Fisicamente, não temos nada a ver. Mas muitas vezes me vejo falando ou agindo igual a ela", diz a atriz. "Nos falamos todos os dias", completa Beth.
Com 40 anos de carreira e recém- completados 60 de vida, a cantora prepara-se para lançar seu 30º disco - Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia -, além de um DVD gravado no Theatro Municipal do Rio. E este ano deve estrear um programa - ainda sem nome - nas redes TVE e Cultura. Já Luana, após uma longa temporada em Malhação e a participação no longa Mulheres do Brasil, estuda voltar à TV na novela Páginas da Vida, da Globo, em julho.
- Vocês se acham parecidas?
Beth - Ela é a cara do pai, que é lindo, então saiu "lindésima". Mas temos muito em comum. E, de alguma forma, está seguindo meu caminho no meio artístico.
Luana - Fisicamente não temos nada a ver e nossas personalidades são diferentes, mas alguns traços acabaram se parecendo, pois sempre ficamos muito juntas. Não tive tanto contato com meu pai, pois ele passou muito tempo na Arábia.
- Quando Luana saiu de casa o relacionamento de vocês mudou?
Luana - Agora tenho que tomar conta de mim, da casa... Com isso, o respeito da minha mãe por mim cresceu. Sempre tivemos uma relação maravilhosa, minha mãe é tranqüila e liberal. Mas ser independente é da minha personalidade. Hoje somos muito mais unidas.
Beth - A decisão foi minha também. Fiz isso para ela crescer, aprender sobre a vida.
- Vocês se falam sempre?
Beth - Todo dia, toda hora.
Luana - Se eu ficar dois dias sem ligar, ela já começa a dizer que não tem mais filha. Estou numa fase de lua-de-mel com minha mãe. Ligo sempre e estou aqui o tempo todo. Venho ver televisão (risos).
- O que vocês mais admiram uma na outra?
Luana - Minha mãe é muito batalhadora e responsável. Ela é teimosa, mas no bom sentido. E segue uma linha coerente de raciocínio político, artístico e social.
Beth - Luana tem caráter irretocável e é humildade para saberque ainda há muito a aprender. E tem grande conhecimento da cultura brasileira. Claro que tenho
muita participação nisso, mas ela soube absorver o que viveu, e que vai fazer diferença na sua história.
- Quando Luana era pequena, como você conciliava a maternidade com a vida de cantora?
Beth - Para mim, ser mãe sempre foi o mais importante. Óbvio que sou uma mãe diferente daquelas que vivem dentro de casa. Em compensação, meu trabalho permite que ela me acompanhe. Eu levava minha filha para qualquer lugar: viagens, shows, entrevistas...
Luana - Eu vivia nas rodas de samba: o pessoal tocava e eu dormia. O cantor Nelson Cavaquinho é uma memória fortíssima. Lembro de chamá-lo de Vovô Vavaquinho.
- Não cobravam que você seguisse os passos de sua mãe?
Luana - Essa expectativa existe até hoje. Chego em uma roda e os olhares imploram. Gosto de cantar, mas sempre quis ser atriz. Agora, estou esperando a estréia do filme O Passageiro, do diretor Flávio Tambellini.
- Beth já pensa em ser avó?
Beth - Eu adoraria, mas Luana, além de estar solteira, não tem estrutura para ser mãe no momento. Filho a gente só deve ter por amor e com condições de sustentar.