Se há um lugar em que Bete Coelho (47) se sente em casa, sem dúvida, é no palco. Estrela do monólogo O Terceiro Sinal, a atriz entrou em cena para a reestréia do espetáculo no Espaço Cultural Vivo, na capital paulista, e hipnotizou a plateia na pele de um personagem masculino - um jornalista obrigado a decorar um texto em três semanas para estrear sua primeira peça. "Tentamos não estereotipar, não deixá-lo com voz de homem. É um tema muito próximo de nós, atores, pois dá para entender a angústia do personagem, as suas buscas e a sua inquietação", explica a atriz. "Até hoje meu coração dispara quando toca o terceiro sinal no teatro, então, o bacana desta peça é falar de algo que você está fazendo", acrescenta ela no camarim, pouco antes da grande noite.
Inspirado no ensaio homônimo de Otávio Frias Filho (54), publicado no livro Queda Livre, de 2003, no qual o jornalista retrata o desafio de encenar Boca de Lixo, de Nelson Rodrigues (1912-1980), o monólogo tem direção de Ricardo Bittencourt (44), parceiro de Bete na companhia BR 116, que realiza o espetáculo, e ainda conta com os contra-regras Domingos Varella (53) e João Carvalho Sobrinho (58), que atuam em algumas cenas. "É nosso segundo trabalho juntos. O primeiro foi o monólogo O Homem da Tarja Preta e era Bete quem me dirigia. Ela é a grande diva do teatro brasileiro", elogia o diretor, citando a colega.
Mergulhada na atmosfera cênica, a atriz contabiliza mais de 30 peças, entre direção e atuação. "O teatro te dá o tempo de elaborar e aprofundar o personagem; a TV e o cinema não têm isso", declara a mineira, longe do vídeo desde 2009, quando fez Poder Paralelo, de Lauro César Muniz (72), na Record. "Ainda este ano, volto às novelas, na mesma emissora", revela.
Versátil, Bete se prepara para mais um desafio, montar Cartas de Amor Para Stalin, de Juan Mayorga, em que atuará com o amigo Ricardo - ele, no papel de um poeta russo, e ela como o ditador Josef Stalin (1878-1953). "Vamos fazê-lo, provavelmente no segundo semestre", adianta ela.