No ar em 'Amor Eterno Amor', Andréia Horta vai de um oposto ao outro sem perder o foco. Atriz fala do seu lado tímido e introspectivo
É difícil arrancar um sorriso de Andréia Horta (28) quando a atriz não se sente inteiramente à vontade. Mas ela não faz isso por antipatia. O jeito tímido e introspectivo vem da infância. Até mesmo seu pai, o ator Marcos Horta (52), já se incomodou com o temperamento da filha ao perceber que ela passava a maior parte do tempo reclusa no quarto. “Sempre fui de ficar muito no meu canto, lendo. Ele falava: sai dessa ilha!”, lembra uma das estrelas da novela Amor Eterno Amor. Nascida e criada em Juiz de Fora, Andréia mora no Rio há seis anos, mas nem por isso abriu mão de certas tradições de sua terra. “Mineiro não convida ninguém para visitar sem servir um negocinho. Faço café no bule, com coador de pano”, orgulha-se. Aliás, comida é um tema que apetece e desinibe. “Amo angu. Sou boa de garfo. Só não gosto de feijão, quer dizer, do caroço, tem que ser batido”, estabelece. A objetividade é outra característica marcante. Andréia, que está solteira, e não se considera romântica, atribui boa parte de sua segurança à terapia. “Faço há quase dois anos. Me tornei uma pessoa muito melhor. Sei que a angústia e a inquietude não têm fim, mas isso não me torna uma deprimida. Não tenho o menor talento para ser dodói”, pondera, enquanto toma uma água mineral, na temperatura ambiente no bar e antiquário carioca Rio Scenarium, na Lapa. “É para não prejudicar a voz”, salienta a intérprete da espalhafatosa Valéria.
– Não é contraditório ser tímida e introspectiva e ter uma profissão que favorece a exposição?
– Sou uma operária da arte. Me presto a construir personagens. A exposição do trabalho é grande, sim, mas quanto à vida pessoal, você escolhe. Tudo depende da maneira como conduz sua intimidade. Quando não estou trabalhando, ninguém sabe do meu cabelo, qual a minha rotina...
– E o assédio dos fãs?
– Como não conhecem muito a Andréia, quem dá o tom da abordagem é o personagem do momento. Atualmente, as pessoas perguntam sobre o Barão (papel de Gabriel Braga Nunes). Ainda me surpreendo quando alguém que não conheço chama meu nome.
– Você se confessou gulosa. Como mantém a boa forma?
– Sempre fui magra. Na adolescência, era um pouco mais bochechuda, tinha um nariz de batata, mas nunca passei dos 50 kg. Atualmente, estou com 47,5 kg em 1,57m. Meu corpo não aceita muito excesso. Não gosto de doce, não sou de refrigerante. Quando vou a Minas e resolvo comer dois pratos de angu com couve, faço isso alegre e contente. Lá, temos o costume de sentar à mesa e emendar uma refeição na outra...
– Mineiro também tem fama de ser mais tranquilo. O que tira você do sério?
– Falta de educação. Gente grossa, não dá. Ah, o trânsito. Quando fica tudo parado e não podemos fazer nada, dá vontade de gritar.
– Você diz que a terapia ajudou a transformá-la em uma pessoa objetiva. Isso anulou seu lado maissentimental?
– Pelo contrário, aprendi. Se há algo dando errado, me pergunto o que posso fazer para resolver. A solução é focar no que projeto para mim. Mas não deixei de ser uma pessoa emotiva. Choro toda hora. Sou uma manteiga derretida. A vida me emociona, as coisas me tocam. Estou sempre escrevendo sobre meus sentimentos. Publiquei um livro de poesias, foi redigido entre os 18 e 21 anos. O que não gosto realmente é de ‘frufru’.
– Como assim?
– Por exemplo, nunca curti me vestir de rosa, ter bicho de pelúcia no quarto. Festa de 15 anos? Deus me livre. Usar sapato com lacinho e presilha, jamais. Sempre fui assim, desde muito pequena. Realmente, não tenho paciência para os estereótipos românticos.
– Sente falta de ter alguém?
– Estou bem assim, focada na Valéria da novela, que é um furacão na minha vida.
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