Aline Moraes: 'Superação existe todo dia'

A atriz Alinne Moraes está de volta às telenovelas e dá vida à Luciana, modelo internacional que fica tetraplégica na trama. Em entrevista, Alinne fala de superação e como deu vida à personagem

<i> por Luciana Malavasi</i> <br> <br> Publicado em 14/09/2009, às 20h27 - Atualizado em 16/09/2009, às 18h35

A atriz à beira do Sena e com a Torre Eiffel ao fundo. - RENATO ROCHA MIRANDA/TV GLOBO
Ela tem apenas 26 anos e já é uma consagrada atriz brasileira. Alinne Moraes está de volta às telenovelas e promete emocionar os brasileiros ao interpretar Luciana, uma modelo que tem a carreira interrompida após ficar tetraplégica na trama de Manoel Carlos, Viver a Vida, que estreou esta semana na Rede Globo. Alinne, que também é modelo desde os 12 anos, conta em conversa com o Portal CARAS, que pretende transmitir com a história um exemplo de superação. "Todos os dias existem coisas que te colocam numa situação de superação. Desde as coisas mais simples até as mais graves", afirma a atriz, revelando também o momento mais difícil de sua vida. "A situação mais grave que passei, foi quando minha avó faleceu há um ano e meio atrás, e eu estava começando a gravar em Duas Caras. Tive que viajar para vê-la e voltar correndo. Não teve como a Globo me liberar. Mas foi uma superação". conta. Feliz com a personagem, Alinne conta que, para dar vida a Luciana, ela tentou passar um pouco de sua experiência. "É transformar a sua dor e jogar um pouquinho para a arte. Ela sempre te ajuda e transformá-la. Confira trechos da entrevista: - Como está sendo interpretar uma tetraplégica? - Por enquanto, fiz algumas cenas em Paris. São cenas em que Luciana já está super bem, realizada e acaba se deparando com limitações da sociedade, que não está preparada para a deficiência dela. Não sei quando a cena do acidente vai acontecer. Mas convivi com mulheres que hoje são tetraplégicas e é realmente um mundo que a gente desconhece. Já tinha assistido Mar Adentro, que mostra coisas que todo mundo conhece um pouco. Mas os autores costumam pegar o pior estado da tetraplegia para mostrar e a gente que desconhece que tem certos estágios, dependendo da vértebra que você quebra, que você consegue mexer o ombro, por exemplo. E às vezes as pessoas não perdem toda a sensibilidade. Elas sentem 80%, por exemplo. O que se perde é o comando. Então, muitas pessoas têm uma relação sexual ativa. Cada pessoa reage de uma forma. - Você conviveu com pessoas que não andam para poder construir seu personagem? - Eu estou me baseando em umas das meninas que conheci, que não posso dizer quem é. Fiquei na casa dela para acompanhar banho, a troca de roupa dos filhos. A gente vai entender que elas têm uma vida, dentro do possível, normal. Está sendo um grande aprendizado para mim. A gente não vai ficar falando sobre dor, vamos falar sobre superação. Gosto de papéis dramáticos. - Você acha que a sociedade está preparada para os deficientes? - Não está e eles são 15% da população. E isso é assustador. E onde estão essas pessoas? Em casa. Elas não têm como ir a um shopping ou a um banco. A gente é que não enxerga, o que é até normal. Quanto tempo a gente não passa na vida ignorante mesmo? São coisas que conhecemos superficialmente. Esse trabalho é muito gratificante para mim porque eu posso sentir um pouquinho isso na pele. E a gente é tão frágil. Isso pode acontecer com todo mundo. - Como modelo, o que você acredita que aprenderá com Luciana? - Acho que não vou ficar mais vaidosa por causa da personagem. Acho que ela vai me mostrar outras coisas. Essa parte da moda, do mundo de beleza, eu trabalhei durante oito anos. Então, sempre fui uma pessoa muito ansiosa, querendo curtir tudo ao mesmo tempo e fazer tudo. O tempo é como é para a Luciana. Acho essa personagem muito próxima de mim. Ela quer curtir tudo e é aventureira. Até que a vida mostra para ela que ela não precisa ser tão veloz, tão afoita. - O que é para você viver a vida? - É você ser coerente com aquilo que você sente e aquilo que você quer. E bola pra frente sempre. E o que eu quero é continuar sendo feliz.
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