A diminuição do espaço interno da uretra caracteriza uma doença conhecida como estenose. As estenoses de uretra são um fenômeno eminentemente masculino. Ocorrem em suas duas últimas porções, ou seja, na uretra membranosa e na peniana. Podem formar-se repentinamente, por acidentes com veículos, por exemplo, ou ao longo do tempo, devido a doenças como a gonorréia.
Estenose de uretra é o estreitamento do canal fibromuscular que escoa a urina da bexiga para o exterior. Trata-se de um fenômeno que ocorre em especial nos homens. A uretra masculina tem cerca de 18 centímetros de comprimento divididos da seguinte forma: uretra prostática, porção de 3 centímetros que vai do colo da bexiga ao final da próstata; uretra membranosa, de 2 centímetros, que passa pelos diafragmas pelvinos e urogenitais; e o restante, a uretra peniana, começa no corpo esponjoso, atravessa o bulbo, o corpo e a glande do pênis. O estreitamento da uretra ocorre na uretra membranosa e na peniana. A uretra masculina, vale relembrar, dá vazão ainda ao líquido seminal.
A estenose uretral pode ocorrer repentinamente ou formar-se ao longo do tempo. As estenoses repentinas constituem grande parte dos casos. Devem-se em especial à fratura de ossos da bacia em acidentes com veículos, o que leva à compressão ou ruptura parcial ou total da uretra membranosa. Podem resultar também de "quedas a cavaleiro", que se caracterizam quando o homem cai com as pernas abertas sobre o cano da bicicleta, agredindo a porção que vai do escroto ao ânus, ou seja, parte da uretra peniana chamada uretra bulbar. Nesses casos o homem elimina sangue pela uretra.
Já as causas das estenoses de uretra que se formam ao longo do tempo podem ser infecciosas ou traumáticas. A principal causa infecciosa é a gonorréia, hoje, felizmente, menos comum do que no passado. As causas traumáticas, de outro lado, são as cirurgias endoscópicas e a passagem constante de sondas, cateteres e aparelhos pela uretra.
Traumas e infeções causam inflamação na uretra, com a formação de tecido fibroso, duro, retração dos tecidos, diminuição do calibre de extensão variável e, nas situações mais graves, até obstrução uretral completa. Os sintomas são: dificuldade para urinar, jato urinário fraco, necessidade de fazer força para urinar, ardência ou dor ao urinar, resíduo pósmiccional, aumento da freqüência urinária, infecção urinária e retenção total da urina.
O diagnóstico inicial é clínico. O médico pode constatar a localização e a gravidade da estenose com exames de imagem como a uretrocistografia: injeta substância de contraste na uretra para que vá até a bexiga e faz radiografia. Nos casos de acidentes graves, sobretudo quando não há escoamento da urina e ela se acumula na bexiga, não se deve de imediato passar sonda pela uretra, pois se pode agravar o quadro. Nessa situação, coloca-se uma sonda para o escoamento da urina da bexiga e se aguarda até que tudo esteja cicatrizado e então se possa descobrir a extensão da estenose e se decidir o que fazer.
Se o paciente tem uma estenose discreta e localizada não se intervém. Só se acompanha o caso com exames para ver a evolução. Nas estenoses médias e localizadas de curta extensão, faz-se uma cirurgia chamada uretrotomia: introduz-se na uretra um aparelho com luz que permite ver a estenose e, com uma lâmina cortante, romper o tecido e liberar o espaço à saída de fluidos.
Nas estenoses graves, faz-se a uretroplastia, isto é, correção por cirurgia aberta. Existem várias técnicas, mas são cirurgias complexas e com risco de insucesso. Pode formar novas estenoses e até fístulas, com o vazamento de urina. Muitos pacientes são operados inúmeras vezes para a solução do problema.