Em temporada de descanso em sua terra natal, Curitiba, Almali Zraik fala sobre sua badalada carreira internacional
Advogada de formação, a carreira artística da curitibana
Almali Zraik aconteceu por acaso.
"Em 1997, enquanto trabalhava como advogada para uma construtora em Curitiba, meu amigo Marco Lemanski estava planejando trazer ao Brasil o musical Grease com produção local, todo elenco, orquestra e criativos americanos e me convidou para fazer parte do projeto. Foi um desafio e uma experiência fantástica", conta ela, que logo após, apaixonada pela carreira, partiu para os EUA onde permaneceu até 2001 fazendo uma especialização na área na UCLA, em Nova York e Los Angeles.
Desde então, Almali, que é atualmente Diretora da Divisão de Teatro da T4F, tem sido uma das responsáveis pelo sucesso de espetáculos musicais exibidos no Brasil e na Argentina, como
O Fantasma da Ópera e
Cats. De férias na capital paranaense, ele conversou com o
Portal CARAS.
- Como começou sua carreira?
- Iniciei coordenando criativos estrangeiros na fase de montagem. Em seguida, passei ao cargo de Company Manager, responsável pela companhia em geral, ou seja, elenco, orquestra, técnicos e funcionamento do espetáculo. Há mais ou menos três anos sou responsável pela Divisão de Teatro da T4F, tanto no Brasil quanto Argentina. Continuo bastante ligada à produção dos espetáculos, participando das audições, ensaios, montagem, sempre com o cuidado de termos os melhores projetos, iguais aos da Broadway, mas em nosso idioma e com talento 100% nacional.
- Como é o seu trabalho?
- É uma agitação, mas muito gratificante! Tenho oportunidade de trabalhar com pessoas de todos os setores da empresa, dos artistas ao pessoal de escritório.
- Você acaba viajando muito. Você gosta?
- Adoro. Além de ter a oportunidade de ver espetáculos pelo mundo todo, conheço pessoas muito talentosas e essa constante troca com o que há de mais moderno lá fora, nos ajuda a seguir elevando nosso nível profissional. Hoje a equipe da T4F não deixa nada a desejar a qualquer produtor da Broadway e isto se deve em grande parte a esta sinergia entre nosso talento e criatividade - não existe povo mais criativo que o nosso! - com o alto nível técnico e profissional dos estrangeiros. Nos tornamos parte do primeiro time de produtores no mundo do entretenimento.
- E a relação com o elenco, como é a escolha das pessoas?
- É um processo difícil, mas encantador. Os criativos internacionais vem ao Brasil fazer audições. Nossa equipe local faz uma pré-seleção, já que o número de inscritos é sempre muito grande. Para definir o elenco final, normalmente selecionamos aproximadamente 600 pessoas que são vistas pela equipe internacional. Trabalhamos com muitas exigências artísticas. A pessoa, na maioria dos casos, tem que ser um excelente bailarino e cantor.
- Em sua opinião qual a melhor produção que já fizeram?
- Cada produção tem seu encanto, sua peculiaridade. Acho que todas foram impecáveis e uma completamente diferente da outra. Tenho orgulho e carinho por todas elas!
- Teve alguma apresentação marcante?
- O maravilhoso de fazer teatro é que cada dia é marcante, cada espetáculo tem algo especial e é único. Mas vale ressaltar que sempre fazemos apresentações beneficentes e estas são muito especiais, é um privilégio poder mostrar ao público carente espetáculos deste padrão e sem dúvida a troca de energia nestes dias é algo indescritível.
- E sobre Curitiba, é bom voltar?
- Curitiba sempre será minha casa. É onde nasci, onde vivi a maior parte de minha vida e onde vive minha família e tenho minhas raízes. Só é possível viver bem em qualquer lugar do mundo, quando temos esta base forte e esta ligação com nossa origem. Curitiba é meu porto seguro. Amo a cidade.
- Há possibilidade de trazer um espetáculo como A Bela e a Fera para a capital paranaense?
-
A Bela e a Fera, infelizmente, é impossível trazer para Curitiba pelo tamanho da montagem. Cada espetáculo tem seus requisitos técnicos e para montagem de
A Bela e a Fera e
O Fantasma da Ópera, por exemplo, são necessárias aproximadamente oito semanas com teatro fechado e, portanto, para viabilizar a produção, exige uma temporada mínima de oito meses, com aproximadamente seis sessões semanais, o que infelizmente ainda não é possível em Curitiba.
- Nos conte o que você mais gosta e menos gosta em Curitiba.
- Minha família e meus amigos são as melhores coisas de Curitiba! Adoro também o contato com a natureza e este cuidado que existe com o verde na cidade. Ah! Tem também o clima! Sinto falta do nosso friozinho quando estou em São Paulo. Não gosto é da forma como as pessoas agem no trânsito!!! Mas, em geral, Curitiba é uma cidade maravilhosa e exemplar!