Brincadeiras ao lado da amada, Roberta, e dos herdeiros, João Victor e Maria Eduarda
União e respeito estão entre as características que melhor definem a família de Maurício Lima (43), um dos maiores ídolos do vôlei brasileiro e mundial. "Agradeço a Deus todos os dias por tudo que tenho, e, principalmente, pelo amor e a realização de formar uma família tão linda como a minha", derrete-se ele, ao lado da mulher, a designer de interiores Roberta Lima (35), e dos filhos, João Victor (11) e Maria Eduarda (8). Perto de completar 14 anos de casamento, o casal vibra com sua trajetória. "Temos uma história muito bonita. Desde o início soubemos que estávamos destinados um ao outro. É um amor que quase não dá para explicar", conta Roberta, emocionada, pouco antes de embarcar no navio MSC Musica, em cruzeiro rumo a Buenos Aires, Argentina, com passagem por Punta del Este, Uruguai. "Temos muito em comum e viagens como esta são importantes para fortalecer nosso laço familiar", emenda ele.
Longe das competições desde 2005, quando se aposentou, Maurício não se afastou do esporte. Bicampeão olímpico e considerado um dos levantadores mais talentosos do mundo, atualmente ele é diretor esportivo da equipe de vôlei Medley, de Campinas, interior de SP - onde nasceu e vive - e lembra com carinho de quando era mais conhecido pelo apelido de Maurício do Vôlei. "Sinto-me orgulhoso e honrado por ter proporcionado tantas alegrias ao povo brasileiro. Tudo que tenho hoje devo ao esporte."
- Vocês vão completar 14 anos de união. Qual é o segredo?
Maurício - A fórmula para um casamento feliz não existe. O ideal e mais importante é que haja respeito mútuo. É claro que sentimos ciúme em algumas ocasiões, mas a confiança que construímos durante essa jornada é fundamental.
Roberta - Nossa história tinha de acontecer, é como se já fizesse parte do destino. Eu tinha apenas 16 anos quando o vi na televisão e senti algo estranho. Estava no colo da minha mãe e disse para ela: 'Esse é o homem da minha vida, é com ele que vou me casar'. Quatro anos depois nos encontramos e tudo foi muito intenso. Nós já estávamos predestinados.
Maurício - Foi assim mesmo. Desde que a conheci soube que poderia dar certo. Sou seu fã e cada vez mais apaixonado.
- Como definem um ao outro?
Maurício - Acima de qualquer coisa somos parceiros. Roberta é minha mulher, amante, confidente, amiga... É tudo de melhor.
Roberta - As pessoas costumam vê-lo como um atleta, um espelho para os outros, mas no dia a dia eu acabo esquecendo que tenho um ídolo em casa. Eu o tenho como meu marido, o homem que escolhi para ser o pai dos meus filhos e que me surpreende em todos os sentidos. Nós temos tudo em comum.
- Dá para notar o quanto são unidos...
Roberta - Sou bastante clara e aberta nos meus pensamentos e acho que isso nos mantêm ainda mais próximos, e também em relação aos nossos filhos.
Maurício - Temos cumplicidade necessária para tornar nosso relacionamento sempre renovado.
- Quais os valores que procuram passar às crianças?
Roberta - Sem dúvida, a tarefa mais difícil é educá-las. Precisamos demonstrar respeito e amor pelas pessoas ao nosso redor, pois é isso que nos define como seres humanos. Sempre deixei claro também que não sou apenas mãe, mas amiga, e que eles podem contar comigo para qualquer coisa.
Maurício - Filho é para sempre e a cada dia tentamos passar para eles o melhor. Acho que o principal é ter respeito pelo próximo.
- Acha que eles têm vocação para o esporte?
Maurício - Existe o interesse natural dos dois. O João Victor ama futebol, joga de segunda a sexta, e eu dou a maior força para que ele siga a carreira que quiser. Recentemente, ele começou a se interessar pelo vôlei, imagina só o meu orgulho. Já a Maria Eduarda é mais agitada. Faz aulas de street dance e passa 24 horas ligada na música. Por mais que não sigam uma carreira, quero que eles estejam sempre envolvidos com algum esporte, porque acrescenta muito na vida. Mas a única coisa que insisto é para que busquem a realização e a felicidade acima de tudo.
- Qual é a importância do esporte em sua vida?
Maurício - Foi com ele que aprendi valores que não são encontrados em nenhum outro lugar. Como jogador aprendi a lidar com os meus limites, a respeitar meus adversários e a buscar meus sonhos e objetivos com garra. Sem contar que conviver em equipe é uma obra de arte.
- Foi difícil parar de jogar?
Maurício - Desistir de uma paixão nunca é simples. Na época que tomei esta decisão eu ainda jogava pelo Lube, em Macerata, na Itália, onde morávamos há quase dois anos. Reparei que meu filho estava tristinho e quando conversamos ele me disse: 'papai, você podia ir ganhar dinheiro no Brasil, porque não quero mais essa vida'. Ele tinha apenas 5 anos e isso foi como uma facada no coração. Senti que ao mesmo tempo que ele estava ali comigo também estava sofrendo. Eu estava bem fisicamente, nunca havia tido nenhuma lesão séria, mas o pedido do meu filho afetou meu lado emocional.
Roberta - Os dois anos que passamos fora do Brasil nos renderam um aprendizado enorme, afinal era um contando com o outro o tempo todo. Por isso, não conseguíamos imaginar nossa família separada. Confesso que no início levei um susto com a decisão do Maurício, pois foi muito inesperada, mas, com certeza, o lado sentimental falou mais alto.
- Tem algum arrependimento?
Maurício - De maneira alguma. Sou um homem realizado tanto no lado profissional quanto no pessoal. Sempre busquei a felicidade e não tenho do que reclamar. O vôlei ainda me proporciona muitas coisas boas e agora tento retribuir. Comecei uma nova etapa da minha vida em que passei a me dedicar a outros projetos, sempre envolvidos com o esporte.
- Como avalia sua rotina fora das quadras?
Maurício - Vivo em uma linha muito tênue e complicada, pois o sangue que corre nas minhas veias ainda é de jogador. Aos poucos estou aprendendo a ser um dirigente e a ter cuidado para não opinar na parte técnica e tática do time. Mas confesso que tenho de me segurar muitas vezes.