Dono de pousada e do único cinema de Búzios, o Cine Bardot, o ator Mário José Paz empresta sua história para o ‘Maradona’ de ‘Viver a Vida'
O convite era para duas ou três cenas, mas seu personagem cresceu.
"Hoje ele já tem casa e quer reconstruir uma família ao lado da Dorita e da Rafaela. Foi uma ótima surpresa", afirmou
Mário José Paz, com o sotaque argentino de Santa Fé, Buenos Aires, em conversa com o
Portal CARAS. Em
Viver a Vida como o encantador Garcia, ou Maradona como o apelidaram Dora e Rafaela, personagens de
Giovanna Antonelle e
Klara Castanho, ele tem ganhado cada vez mais destaque na trama de
Manoel Carlos.
"Não tinha a expectativa de que o personagem pudesse crescer tanto. É a primeira vez que faço um papel maior na TV, festeja o ator de 58 anos, que assim como seu personagem é argentino naturalizado brasileiro e vive em Búzios.
"Muitas pessoas vêm a Búzios procurando os personagens da novela, mas quando chegam aqui só encontram o Garcia", diverte-se Mário, que é bem conhecido na antiga vila de pescadores na década de 1960, e não só pela carreira de ator.
O que pouca gente sabe é que Mário José Paz é criador do único cinema de Búzios, o Cine Bardot, que recebe o Festival de Cinema da cidade, também organizado por ele há mais de 15 anos. Morador de Búzios há 30 anos, o ator, formado pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), também é dono da pousada Vila do Mar. E agora, seguindo os passos do personagem, se tornou proprietário de restaurante, o recém-inaugurado Sinatra Fusion Food.
"Minha vida, assim como a de muitos argentinos, é em Búzios e muito parecida com a do Garcia", contou ele.
Confira abaixo a conversa de Mário José Paz com o
Portal CARAS:
- Como surgiu a oportunidade fazer 'Viver a Vida'?
- Sou formado como ator pela CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), onde conheci minha esposa, a
Ana, com quem construí uma família e tive meus quatro filhos,
Roberta,
Miguel,
Francisco e
Manoela. Mas nunca vivi da carreira de ator. Na verdade, ela sempre acompanhou a minha vida de empresário. Vez ou outra, faço algumas pequenas participações, como no filme
Se eu fosse você", onde fiz o psiquiatra do
Tony Ramos e da
Glória Pires, e na novela
Caminho das Índias.
- Então o Garcia é o seu primeiro papel de destaque na TV?
- Depois da participação em
Caminho das Índias, me chamaram para um papel pequeno em
Viver a Vida. O convite era para eu fazer duas ou três cenas, mas o personagem foi crescendo e se tornando enorme. Minha maior relação com a dramaturgia era com os milhares de filmes que venho assistindo ao longo da vida. Sou um cinéfilo desesperado. E sempre costumo dizer que, apesar de ter estudado teatro durante 8 anos, os filmes que assisti formaram a minha melhor escola. Não só em relação à arte, mas também em relação à vida. Foi deles que tirei essa naturalidade que deposito no Garcia.
- Você esperava que o personagem pudesse crescer?
- Não tinha a expectativa de que o personagem pudesse crescer tanto. É a primeira vez que faço um papel maior na TV. Estou muito feliz com tudo o que está acontecendo. Estou gostando de me relacionar com esses excelentes profissionais e de descobrir esse universo que eu não conhecia. Tem sido muito agradável.
- E como tem sido o assédio do público?
- Muitas pessoas vêm a Búzios procurando os personagens da novela, mas quando chegam aqui só encontram o Garcia. O Maradona é um personagem muito forte. Tem sido difícil andar por Búzios como eu andava antes. Minha vida, assim como a de muitos argentinos, é em Búzios e muito parecida com a do Garcia. Existem muitos Garcias e muitas Doritas em Búzios. São homens solitários, melancólicos, sem família. São, em sua maioria, argentinos paqueradores e gentis, que assim como o personagem, se envolvem com jovens mães solteiras ou que precisam sobreviver. Confesso que eu mesmo fui um Garcia durante muitos anos.
- Hoje, 25 mil argentinos moram em Búzios. Como você chegou na cidade?
- Em 1978, quando eu tinha 28 anos, vim para Búzios visitar um amigo. Minha ideia era passar uns dez dias, mas me apaixonei pelo pôr-do-sol daqui e acabei ficando para o resto da vida. Montei a pousada e, em 1994, fundei o cinema. Como um bom cinéfilo, para mim cinema é qualidade de vida. E as coisas foram acontecendo assim, sem muito planejamento.
- Como tem conciliado a vida de ator e empresário?
- Viajando muito. Agora a estrada faz parte da minha vida. Fico 4 ou 5 dias em Búzios e 2 no Rio. Mas tenho uma equipe que me ajuda muito.
- O que você espera para o Garcia a partir de agora?
- Mário não sabe absolutamente nada sobre Maradona. Ele sabe que o filho da Dora não é dele. Mentiu para ela ao lembrar de uma noite de amor que não existiu. Mas é uma mentira para a sobrevivência dele, que se apegou tanto às duas. É uma mentira perdoável. O resultado final é com o Maneol Carlos. Assim como na minha vida, não crio expectativa em relação ao futuro. Vou vivendo dia após dia.