Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 19/04/2011, às 17h15

Etimologia -
Aleúte: de origem obscura, provavelmente do inglês aleut, adjetivo gentílico para designar o habitante ou nativo das ilhas Aleutas, situadas no noroeste da América do Norte, e de certas partes do Estado do Alasca. Esses povos falam duas línguas aleútes, aparentadas com o esquimó. A palavra pode ter chegado ali depois de levada para o russo de algum dialeto da Ásia. Do russo chegou ao inglês, disseminando-se do latim do império americano para diversas outras línguas, inclusive para o português. Há poucas palavras do aleúte na língua portuguesa. Uma delas é parca. Confuso: do latim confusus, confuso, misturado, palavra formada a partir de cum, com, e fundire, fundir. A confusão mental extrema pode levar a atos criminosos como o que praticou Wellington Menezes de Oliveira (1987-2011), autor do massacre que resultou na execução à queima-roupa de 12 adolescentes na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, no último dia 7. Filho biológico de mulher esquizofrênica, ele sofria de esquizofrenia severa, doença mental que muito preocupava sua mãe adotiva, que lhe providenciou tratamento até deixá-lo órfão. Depois ninguém mais cuidou dele, nem ele pôde cuidar de si mesmo, perdendo-se num labirinto de confusões mentais que o levaram a misturar elementos religiosos para justificar o injustificável: a execução de inocentes para vingança dos maus-tratos recebidos na mesma escola, que ele frequentara quando tinha a idade das vítimas. Duplicidade: do latim duplicitate, declinação de duplicitas, designando aquilo que é duplo, que oferece duas faces ou dupla personalidade, ligada à esquizofrenia, doença de personalidade múltipla. A banda The Who lançou em 1973 seu sexto álbum, Quadrophenia, modificando o termo esquizofrenia, designando uma ópera musical com este nome. Nela, o protagonista sofre de personalidade quádrupla, cada uma delas associada a um integrante da banda. Há quatro músicas-tema: Helpless Dancer, Doctor Jimmy, Bell Boy e Love Reign O'er Me, que voltam na penúltima faixa do disco, em peça intitulada The Rock. Esquizofrênico: de esquizofrenia, do francês schizophrénie e do inglês schizophrenia, palavras radicadas nos étimos do verbo grego skhízo, separar, e do substantivo phrenés, mente. Designa manifestações psicóticas e distúrbios mentais como delírios e alucinações. O termo foi cunhado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleurer (1857-1939), que deu o primeiro emprego de psiquiatra residente ao também suíço Carl Jung (1875-1961), fundador da psicologia analítica. Até então a doença era tida como demência precoce. Fatalidade: do latim fatalitate, declinação de fatalitas, necessidade do fatum, destino. As fates romanas, também designadas parcas, adaptadas das Moiras gregas, eram três: Nona, Décima e Morta, equivalentes às gregas Cloto, Láquesis e Átropos. Elas, hoje, na versão helênica, designam remédios prescritos pela homeopatia. Nona tecia o fio da vida; Décima determinava sua extensão e caminho a percorrer; e Morta cortava esse fio. O termo fatalidade, designando desgraça, tragédia ou simplesmente o fim abrupto de alguma coisa, nasceu de certas metáforas ligadas a essas deusas, cujas decisões eram irrecorríveis e nem mesmo Zeus, na Grécia, ou Júpiter, em Roma, podiam revê-las. Os antigos romanos adotavam o calendário solar para os anos e o lunar para os meses. Assim, a gravidez das mulheres não era de nove meses, mas de nove luas. Nona tecia o fio da vida no útero materno até a nona lua; Décima cortava o cordão umbilical, determinando o começo da vida terrena da pessoa, na décima lua; e Morta cuidava da outra ponta da vida, que poderia acabar a qualquer momento. Nasceu aí a significação de fatalidade. Parca: do aleúte parka, casaco de pele, com capuz, cujo comprimento alcança o meio da coxa ou o joelho, usado nas regiões polares e em outras muito frias. Passou ao inglês parka, de onde migrou para o português para designar casaco semelhante, em geral de tecido impermeável, às vezes forrado de lã, e usado por militares e esportistas. Nos anos 1960, a juventude inglesa popularizou esse tipo de vestuário, em cor verde-militar, com o escudo da Força Aérea Inglesa. No filme Quadrophenia, dirigido pela banda de roque The Who, os rapazes usam esse tipo de vestuário para se protegerem do frio e também para recordarem a coragem, o valor e o heroísmo de seus pais, pilotos combatentes na II Guerra Mundial. Entre os militares brasileiros, esse tipo de abrigo é conhecido por jaqueta.
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