Usado a todo momento por alguém no Brasil, pelas razões as mais diversas, errado veio do latim erratus, desviado do caminho. Já o substantivo mancada originou-se do adjetivo manco, do latim mancus, ligado a manus, mão, e atualmente designa falta, lapso.
Atentado: do francês attentat, ligado a attenter, atentar, vindo do latim attentare, atacar, pôr a mão sobre alguém. Designa tentativa ou execução de ato criminoso, infração legal, violação ou outras formas de ofensa, como nas expressões "atentado ao pudor" e "atentado ao bom gosto". Atentado está no português desde o século XV.
Bug: do inglês bug, traça, inseto, tornou-se neologismo de largo uso, designando defeito em programa de computador. O primeiro bug aconteceu em 1947, no computador Mark II, um trambolho de 5 metros de comprimento, com menos potência do que um notebook de hoje, quando um inseto meteu-se nos circuitos. O bichinho está num museu americano. O bug do milênio, previsto para 1o de janeiro de 2000, fez tremer muita gente, não ocorreu, mas afetou, sem gravidade, 11 centrais nucleares.
Deflagrar: do latim deflagrare, arder, incendiar. Ganhou o sentido de irromper, começar rápida e repentinamente, como as trovoadas, as enchentes e as queimadas. Deflagrar é verbo que às vezes designa uma ação, mas dá início a outras. Foi o que ocorreu quando o sérvio Gavrilov Princip (1894-1918) matou o arquiduque da Áustria, Francisco Fernando de Habsburgo (1863-1914), e sua esposa, a duquesa de Hohenberg, Sofia Chotek (1868-1914), em Sarajevo, capital da atual Bósnia-Herzegóvina, em 28 de junho de 1914, deflagrando a I Guerra Mundial. De manhã o atentado deu errado. Um dos terroristas lançou a bomba às 10h10, tomou cianeto e se jogou no rio. À tarde, por puro acaso, quando o arquiduque ajudava a socorrer os feridos, deu certo.
Errado: do latim erratus, desviado do caminho, como em "pegou o bonde errado". Aparece neste trecho do historiador Voltaire Schilling (70), comentando o ato que transformou um sérvio em herói: "Deu tudo errado. A bomba, esquivada do alvo, só causou estragos menores, a poção do veneno que ele ingerira estava vencida, e, para culminar, o lugar em que ele saltara na água era raso, sendo facilmente capturado pela multidão e entregue à polícia". Mas à tarde, no palco do mesmo acontecimento, Gavrilov, matando o casal, deflagrou a I Guerra.
Mancada: de manco, do latim mancus, ligado a manus, mão, designando pessoa ou animal aos quais falta a mão, o braço. Passou depois a ser aplicado à falta de pé ou perna, consolidando-se mais com esse sentido. Evoluiu para designar faltas, lapsos e dele surgiu mancada como sinônimo de erro ocorrido nas mais diversas situações, de que são exemplos as mancadas do Titanic, sem botes suficientes para todos os passageiros; a roda-gigante, retirada em 2010, construída em frente ao monumento que homenageava os náufragos, em Belfast; e as mancadas do filme Titanic: o quadro do pintor francês Claude Monet (1840-1926), que aparece na primeira classe, ainda não tinha sido pintado; a Estátua da Liberdade, que veio a ter luzes só em 1950, aparece iluminada; e Leonardo di Caprio (36), apaixonado por Kate Winslet (35), afunda, mas devia flutuar.
Praticar: do baixo latim praticare, praticar, fazer, cometer. Aparece neste texto, ocupando-se de frustrado atentado, ocorrido logo na segunda quinzena do governo Dilma Rousseff (63): "Homem invade o Palácio da Alvorada e tenta praticar atentado. Um homem tentou invadir de carro o Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência". Não foi a primeira vez que se deu o rompimento da proclamada cordialidade do brasileiro. Em 5 de novembro de 1897, no Rio de Janeiro, o anspeçada Marcelino Bispo de Melo (1875-1898) atirou em Prudente de Morais (1841-1902), terceiro presidente do Brasil. O revólver falhou eno tumulto foi morto a facadas o ministro da Guerra, Carlos Machado Bittencourt (1840- 1897), e ferido o chefe da Casa Militar, Luiz Mendes de Moraes. Em 8 de setembro de 1915, o padeiro desempregado Francisco Manso de Paiva Coimbra matou, com uma punhalada nas costas, o senador José Gomes Pinheiro Machado (1851-1915). O autor do atentado suicidou-se na prisão, explodindo uma bomba na cela, como o fizera o cabo que tentara matar Hermes da Fonseca (1855-1923). Em 26 de julho de 1966, o presidente Costa e Silva (1899-1969) escapou de um atentado que matou várias pessoas no Aeroporto de Guararapes, no Recife.