Muitos casais Permanecem juntos por 25, até 50 anos num clima de respeito, carinho e atração sexual. Essa comunhão feliz exige dos parceiros equilíbrio emocional e muito amor. Outras uniões, apesar de durarem muitos anos, só são mantidas à custa de muito sacrifício pessoal. Apesar do péssimo relacionamento, um depende do outro justamente para encontrar um álibi que justifique os próprios fracassos. É comum ouvirmos frases como esta: "Não me separo por causa dos filhos". Na verdade, são desculpas em que a própria pessoa não percebe tratar-se de justificativas de um relacionamento dependente, ocasionando graves danos emocionais.
Nessa confusão de ideias desconexas, sempre há um que aceita tudo sem reclamar, porque é dependente financeira e/ou psicologicamente do outro. Na maioria dos casos, quem cala é a mulher, por sentir-se submissa cultural e financeiramente. Esse comportamento, claro, tem alto preço. Na falsa ilusão de manter o casamento acima de tudo, a pessoa ignora as traições, aceita mentiras e até se submete à violência física ou psicológica. O casamento se mantém, de fato, mas existe renúncia a valores íntimos essencias, o que muitas vezes afeta até a saúde. Dependendo do tipo de neurose, a pessoa pode somatizar, isto é, transformar frustrações e sofrimentos emocionais em doenças físicas em geral crônicas, como enxaqueca, fibromialgia, depressão, insônia e inúmeras outras.
Na verdade, são atos de auto-agressão. Se não dá para agredir o outro, pois não pode viver sem ele, então se agride para culpá-lo com frases como esta: "Estou sempre doente e a culpa é sua". Alguns preferem até não se desenvolver profissionalmente, porque assim terminaria a dependência financeira e, consequentemente, o relacionamento.
Por isso, um não cobra e não confronta o outro, porque sabe que essa atitude pode levar à separação. Acaba engolindo desaforos, mas os sentimentos reprimidos serão extravasados, muitas vezes de forma violenta, em algum momento. As pessoas não se dão conta de que uma briga, vez ou outra, pode ser até saudável. Discutir é levar em consideração as ideias e os sentimentos do parceiro. O primeiro passo para liberar os sentimentos e mudar essa situação é fazer um confronto consigo mesmo e deixar de culpar o outro. Dessa forma, a pessoa no íntimo deve perguntar-se: "Por que aceito essa situação?" Pode estar na resposta o caminho para o próprio crescimento e a independência emocional. Para se chegar lá, boa alternativa é procurar amigos, aprender algo novo, cuidar de si mesmo para recuperar a auto-estima e nunca duvidar dos próprios sentimentos.
Além disso, é importante tentar recuperar a verdadeira personalidade, que foi modificada no casamento. Não ter medo de ficar sozinho e adquirir a coragem de enfrentar uma conversa honesta com o parceiro. Se não conseguir sozinho, indico a busca de um terapeuta para auxiliar na expressão dos sentimentos.
O confronto não significa necessariamente que vão se separar, mas é uma tentativa de cada um respeitar a integridade do outro. É fundamental saber ouvir para que o ouro ou a prata das bodas não sejam falsos, mas sim verdadeiros.