Cônjuge: do latim conjuge, declinação de conjux, cônjuge. É um substantivo masculino, sinônimo de marido e de mulher. O étimo está presente também em outras palavras que indicam ligação: conjugal, conjugar, conjunção. Um dos símbolos desta ligação é a aliança no dedo conhecido como vizinho, na mão esquerda, costume hindu trazido ao Ocidente por gregos e romanos, que acreditavam erroneamente que por ele passava uma veia que ia para o coração.
Dublagem: do francês doublage, dublagem, juntar dois fios simples num tecido ou blindar uma embarcação, como que fazendo uma capa, tornanda-a dupla. A origem remota é o latim vulgar duplare, dobrar, fazer dois ou parecer dois, tronando-se duplus, duplo. No francês, a palavra teve seu primeiro registro em 1411. Mudou de sentido após a invenção do cinema, em fins do século XIX, passando a designar a gravação de falas e a inserção de músicas ou partes cantadas após as filmagens, para montagem da trilha sonora. Mas consolidou-se no português para designar a substituição das partes faladas ou cantadas de um filme ou de um programa de televisão, em que a língua original da produção é substituída pela portuguesa. O pioneiro da dublagem de filmes no Brasil foi Herbert Richers (1923-2009). Quem o introduziu na dublagem foi seu amigo Walt Disney (1901-1966), de quem dublou a maioria das produções.
Lula: de origem controversa, provavelmente do latim vulgar lullin, forma de o povo pronunciar lolligine, declinação de lolligo, que no latim culto denomina a lula, cujo nome científico é Loligo brasiliensis.
Tem coloração amarelada, com manchas escarlates, podendo mudar de cor segundo o meio ambiente. Mas o apelido pelo qual é mais conhecido o presidente da República, Lula (64), tem outra origem: Luiz, um de seus dois nomes. Lula, o Filho do Brasil, filme de Fábio Barreto (52), traz a seguinte chamada no cartaz: "Você sabe quem é esse homem. Mas não conhece sua história".
República: do latim respublica ou res, coisa, publica, pública, coisa pública, que em latim pode constituir uma ou duas palavras. Designa forma de governo em que o Estado promete atender o interesse geral dos cidadãos, atuando por meio de representantes, eleitos ou investidos nas suas funções, em três poderes distintos e independentes: Legislativo, Executivo, Judiciário. A tradução literal é "coisa pública", propriedade de todos ou que está a serviço de todos. Designa também casa ou apartamento onde moram estudantes. Jovens de uma mesma região, vindos de outras localidades, passam a morar juntos para dividir as despesas nos municípios para onde se deslocam para estudar. Nos começos deste tipo de república, uma cozinheira cuidava das refeições e da limpeza. Quando as repúblicas passaram a ser mistas, nos anos 1970, as estudantes assumiram as tarefas domésticas, já que o machismo perpetuou-se também nesses ambientes. A república de estudantes mais antiga do Brasil chama-se Copacabana e fica em Piracicaba (SP). Foi fundada por alunos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 1923. Em 2009 completou 86 anos!
Salva-vidas: da terceira pessoa do presente do indicativo do verbo salvar, do latim salvare, e vidas, plural de vida, do latim vita, designando embarcação destinada a salvar os passageiros em caso de naufrágio e o nadador encarregado de socorrer banhistas. Recentemente a profissão passou a ser exercida no Brasil também por mulheres.
Tico-tico: do tupi tik-tik, onomatopeia com que os índios designavam o trinar da ave, prevalecendo em sua denominação no português: tico-tico. Foi também o apelido do radialista José Carlos de Morais (1922-1999). Ele era estudante de Direito e despontou para o rádio no dia da posse do governador paulista Ademar de Barros (1901-1969), em 1947, como informa Brasil: o Almanaque de Cultura Popular. A transmissão era ao vivo e ele precisava falar o tempo todo. Em vez de encher linguiça, como tantos, entrevistou quase todas as personalidades presentes. O presidente brasileiro João Goulart (1918-1976), apelidado Jango, em visita ao presidente americano John Kennedy (1917-1963), salvou o jornalista das garras dos seguranças da Casa Branca, que o impediam de se aproximar dos dois: " No, no. It's my report, Taico-Taico". Anos antes, quando o presidente americano Dwight Eisenhower (1890-1969), tratado também pelo apelido Ike, veio ao Brasil, o mesmo profissional recebera elogio consagrador do jornal The Washington Post: "A pessoa mais interessante de São Paulo é Tico-Tico, famoso repórter de rádio. Durante a visita de cinco horas, não parou de falar o tempo inteirinho, com exceção de um intervalo breve, em que brigou com a polícia".