Incesto: do latim incestum, incesto, isto é, ação contra a castitas, castidade, pureza de costumes. É do mesmo étimo de castigare, castigar, repreender, censurar. Passou a designar a relação sexual entre parentes, consanguíneos ou afins, no contexto das proibições religiosas, culturais ou legais. Conhecido em mais profundidade o processo de reprodução humana, o incesto passou a ser proibido também por motivos científicos, por trazer risco de malformação genética para os filhos nascidos de tais uniões. A variedade genética menor facilita o encontro de genes problemáticos.
Misoginia: do grego misogynia, misoginia, pela formação do étimo do verbo grego mísein, odiar, evitar, e gynia, do mesmo étimo de gynekos, presente em ginecologia. Os gregos tinham a palavra misogynia para designar a aversão mórbida pelas mulheres. Não era uma característica nacional, mas eles não eram lá muito fanáticos, não. Era comum um cidadão grego dedicar-se ao amor da esposa, da hetaira (espécie de amante) e de um efebo (moço). Não escondiam da sociedade seu matrimônio partilhado e as três entidades sabiam o que ocorria com seu homem quando estava nos braços da outra ou do outro.
Ofensa: do latim offensa, topada, encontrão, batida, ofensa. Em 1993, a escritora francesa Agnès Michaux (41), nascida, portanto, em 1968, ano emblemático, publicou na França um Dicionário de Misoginia, já traduzido entre nós e publicado pela LPM Editores, dois anos depois. Eis algumas frases significativas das ofensas verbais contra a mulher, que ela recolheu para escrever o livro: "Para a maior parte das mulheres, amar um homem é enganar o outro. Casar com a amante é como aproveitar os restos de um churrasco. O mais difícil não é ter um primeiro amante, é arranjar o último. O amor é um esforço que o homem faz para se contentar com apenas uma mulher. Dois galos viviam em paz. Daí chegou uma galinha e começou a guerra. A única maneira de se comportar bem com uma mulher é fazer amor com ela, se é bonita, ou com outra, se ela não o é. A mulher não dá nada de graça. A feiúra é o melhor preservativo. A mulher jamais vê o que se faz por ela; ela só nota o que não se faz. A mulher só perdoa alguém depois de puni-lo". Quando foi lançado na França, o livro causou furor. Chamaram a autora de machista e de muitas outras coisas. Aqui, ninguém lhe deu atenção desde que foi publicado.
Tabu: do tonga tapu, pelo francês tabou e pelo inglês taboo, sagrado, proibido, permitido apenas às divindades, reis, chefes. O tonga é uma das muitas línguas da Polinésia. O primeiro registro foi feito pelo capitão inglês James Cook (1728-1779) para referir-se a certas proibições religiosas que observou entre os nativos. Mas foi Sigmund Freud (1856-1939) quem deu grande circulação a tabu em todas as línguas para designar a proibição de atos em desacordo com padrões morais hegemônicos em cada cultura. Os conceitos predominantes são aqueles que passaram a constar nos dicionários ingleses desde 1775: proibição de tocar, fazer ou dizer algo por medo de um castigo sobrenatural; proibição instituída por um grupo social como medida de proteção; superstição. Mas também preservou o sentido de privilégio de poucos, como ocorria no antigo Egito: o faraó casava-se e tinha filhos com a irmã de sangue. Cleópatra VII (69-30 a.C.), por exemplo, era irmã de seu pai e, portanto, também sua sobrinha. E casou-se com o irmão, que era também seu tio. Seu nome completo era Cleopatra Thea Filopator, palavras gregas que significam "glória do Pai, deusa amada por seu pai".
Reviver: do latim revivere, reviver, viver de novo, readquirir a saúde, tendo também o sentido de recuperar, trazer à memória, como fazem atores e atrizes que revivem no teatro, no cinema e na televisão célebres personagens. Cleópatra VII, por exemplo, a mais famosa das faraós da série dinástica do antigo Egito, foi vivida no cinema por Jeanne d'Alcy (1865- 1956); por Claudette Colbert (1903-1996); por Theda Bara (1885-1955); e por Elizabeth Taylor (77), que a representou no esplendor dos 30 anos. Uma das cenas antológicas é o enorme tapete vermelho com que presenteia Júlio César (100- 44 a.C.). Fontes históricas asseguram que Cleópatra era o próprio presente e ofereceu-se enrolada nele, nua. O cineasta brasileiro Julio Bressane (63) dirigiu o filme Cleópatra Sétima, estrelada pela atriz Alessandra Negrini (39).