Ataúde: do árabe at-tabut, caixão, arca, depois consolidando-se para designar o caixão-de-defunto, caixa grande com tampa onde o morto é posto para ser enterrado. Deveria encerrar o morto ali até que tudo tivesse terminado sob a terra ou, de acordo com diversas crenças religiosas, até que os mortos ressuscitem.
Bombordo: do holandês bakboord, lado de trás, isto é, lado esquerdo da embarcação, já que as cabines dos navios holandeses eram construídas no lado direito e por isso o lado esquerdo estava às costas do piloto. O francês adaptou a designação para bâbord, de onde chegou ao português como bombordo, em oposição a estibordo, que já foi conhecido também por babos, babordo e cisbordo. A perspectiva de lado direito ou esquerdo dos navios é obtida olhando-se da proa para a popa, isto é, da ré, parte de trás, para a vante, parte da frente.
Cabana: do latim tardio cabanna, cabana, choça, choupana, casebre. A Cabana (Editora Sextante), livro do escritor canandense William Paul Young (54), foi lançado originalmente por uma pequena editora dos Estados Unidos e logo alcançou o primeiro lugar na lista dos mais vendidos do jornal The NewYork Times. A tradução brasileira é de Ivanir Calado (56), que assinas suas traduções como Alves Calado. Está há mais de um ano entre os mais vendidos.
Estibordo: do holandês stieboord, lado onde está o stier, leme, pelo francês estribord, hoje tribord, lado direito da embarcação. Já foi dito e escrito estribordo no português antigo. A Marinha do Brasil adotou boreste para evitar, nas manobras, confusão com bombordo.
Questionário: de questão, do latim quaestione, questão, pergunta, e o sufixo ário, indicando quantidade, série de questões ou perguntas, utilizadas sobretudo em entrevistas, como fez o italiano Giovanni Ricciardi (72), professor, tradutor e pesquisador de Literatura Brasileira, em Biografia e Criação Literária (Editora Unisul), que assim explica seu trabalho: "No final dos anos Oitenta e primeiros anos dos Noventa, entrevistei mais de cento e vinte escritores brasileiros. O questionário focalizava três pontos: a formação do escritor, o ofício de escrever e o destino do texto". O latim antigo tinha quaestionarius, do mesmo étimo, porém com o significado de torturador, algoz.
Vampiro: do alemão Wampir, vampiro, designando pessoa morta que volta para sugar o sangue dos vivos. Tanto o sérvio como o eslavônio usaram o étimo russo upir ou upyr para compor as palavras com as quais designaram o espírito maligno, mas a origem remota é o latim sanguisuga, palavra criada pelo historiador inglês William de Newburgh (1136-1198) ao relatar casos de mortos que retornavam do outro mundo para chupar o sangue de pessoas enquanto elas dormiam. Depois que as vítimas descreviam os atacantes, mortos conhecidos da comunidade, eram desenterrados e queimados. No século XVIII, a palavra chegou ao inglês e ao francês como vampir, após a divulgação do relatório de um cirurgião militar, em que várias mortes eram atribuídas ao soldado Arnold Paul ou Paole, que matara diversas pessoas e alegara ter sido mordido por vampiro. Na ocasião do relato, ele já havia morrido, mas seu corpo foi exumado para receber o devido castigo. Ainda que tivesse morrido havia alguns anos, escorria sangue de sua cabeça e mais sangue jorrou quando o cadáver foi açoitado. Na sequência, corpos de oito suspeitos foram desenterrados e, tendo a aparência muito fresca, foram queimados. A Universidade de Sorbonne, em Paris, condenou a violação dos cadáveres, apresentando explicações racionais para os estranhos eventos, endossadas pelo abade beneditino dom Augustin Calmet (1672-1757), mas ele, estudioso da Bíblia, deixou uma porta aberta para causas sobrenaturais. Nos séculos seguintes, o vampiro ganhou ingredientes que iam do gótico ao erótico, de que são exemplos Carmilla, do irlandês Sheridan Le Fanu (1814-1873), e Drácula, de Bram Stoker (1847-1912). Os filmes Nosferatu, de Friedrich Wilhelm Murnau (1888-1931), refilmado em 1979 por Werner Herzog (67), e Drácula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola (70), reavivaram o tema, que renasceu no romance nas décadas de 1970 a 1990 e hoje compõe um gênero literário, em várias línguas, inclusive no Brasil, como os livros de André Vianco.