Autismo: do francês autisme, autismo, do grego autós, por si mesmo. Designa estado mental marcado por alheamento do mundo exterior e intensa concentração em si mesmo, com dificuldades para se comunicar com os outros. Quem criou a palavra para designar este tipo de esquizofrenia foi o psiquiatra suíço Eugene Bleuler (1857- 1939), em 1911. Em 1943, os médicos austríacos Leo Kanner (1894-1981) e Hans Asperger (1906-1980), sem se conhecer, pesquisaram a doença e usaram a mesma palavra para qualificá-la. O Nome dela é Sabine, que recebeu o prêmio da crítica internacional do Festival de Cinema de Cannes, em 2007, é um documentário sobre o autismo. A diretora é a atriz francesa Sandrine Bonnaire (42), que filmou sua irmã autista, Sabine Bonnaire (40).
Boto: do latim buttis, barrica, odre de vinho, por metáfora aplicado ao golfinho fluvial de focinho longo, peculiar do Amazonas, provavelmente ligado ao português arcaico bota, vasilha de couro para beber vinho. Às vezes, a bota era feita de borracha, daí ter ensejado a denominação de borracho para bêbado. Em Jovem Eternidade: Poesia Reunida II(Editora Novo Século), o poetaCarlos Nejar (70), da Academia Brasileira de Letras, diz: "Quantos botos-meses e parvas tartarugas, retardadas de mente, se arroiam no rochedo? O mar andando, aríete de raios-lobios-lavos".
Elisão: do latim elisione, declinação de elisio, elisão, palavra ligada alesão, de lesione, declinação de lesio, ferida, étimo presente com muita frequência na linguagem do futebol, cujos locutores usam o verbo lesionar, causar lesão, como equivalente de lesar, de que é exemplo notícia que comenta declarações do técnico da seleção brasileira, o gaúcho de Ijuí, no Rio Grande do Sul, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga (45): "Ele disse que é preciso encontrar novas opções para as posições graças a tantos problemas de jogadores lesionados.Afirmou que as várias lesões sofridas pelos convocados fizeram com que ele já pense numa terceira opção para cada posição".
Mola: do italiano molla, mola, derivado de mollare, deixar mole, deixar correr, ser flexível. Um de seus sentidos é o de peça espiral, em geral metálica, elástica, que cede quando comprimida, voltando à posição inicial tão logo seja liberada. Outro sentido procede da antiga Roma. A farinha misturada com sal era lançada sobre a cabeça da vítima que ia ser sacrificada, donde nasceu o verbo imolar. A origem remota é a raiz indo-eropeia *mel, presente no étimo do latim molere, moer, deixar mole, como se faz com o grão transformado em farinha. Desprendendo-se do carro de Rubinho Barrichello (37) no treino para o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Budapeste, na Hungria, no dia 25 de julho, a mola que acertou o capacete de Felipe Massa (28), causando grave acidente, foi o grande tema da mídia. Rubinho disse: "Eu sentia que meu carro estava balançando, solto demais, até nas retas, mas, nas análises, não dava pra ver o que era. Até que ela se soltou e quebrou um pedaço da suspensão".
Sonegar: do latim subnegare, negar, mas negar escondido, atando o feixe por baixo, variante de subnectare, acrescentar escondido. Passou a designar a ação de esconder os ganhos para pagar menos impostos. É do mesmo étimo de abnegar, negar, renegar, negativo e negativar. Várias empresas que nada fazem especializaram-se em vender notas fiscais a produtores culturais que a elas recorrem para obter verbas para seus projetos. Sua única atividade é vender notas fiscais para obter não a elisão de impostos, que é legal, mas a evasão, que é crime.
Transtorno: derivado de transtornar, do latim tornare, voltar, antecedido do prefixo trans, além, para lá, depois de. Designa situação que causa incômodo, dissabor, que atrapalha os outros. É sinônimo de distúrbio, do latim disturbium, que faz dispersar a turba, multidão em desordem, cujo verbo é disturbar, em domínio conexo com pertubar, e do mesmo étimo latino. Um dos transtornos de personalidade mais em evidência é o autismo, atribuído por vários pesquisadores a causas genéticas e ambientais, como a presença de mercúrio em vacinas ou problemas de gestação. O biólogo James Watson (81), que participou das descobertas da estrutura do DNA, declarou que os genes que produzem habilidades intelectuais elevadas são os mesmos que ensejam a esquizofrenia e o autismo. Já o psicanalista judeu austríaco, naturalizado americano, Bruno Bettelheim (1903-1990) definiu como causa do autismo a indiferença materna nos primeiros anos da criança. Sua apavorante experiência nos campos de concentração de Dachau e Buchenwald levou-o observar o ser humano sujeito a condições destrutivas e serviu-lhe de subsídio para estudar o autismo. Ele suicidou-se em 13 de março de 1990.