Fadiga vocal é o principal problema que atinge os profissionais da voz
por <b>Reinaldo Kazuo Yazaki</b>* Publicado em 26/05/2009, às 10h46 - Atualizado às 11h06
A voz se forma na laringe, órgão tubular localizado no pescoço, pela vibração das duas cordas vocais quando o ar que sai dos pulmões em direção à boca passa por elas. Mas, da laringe até sair pela boca, a voz sofre influência de todos os locais por onde passa, como faringe, cavidades nasais, seios paranasais e a cavidade bucal. Os órgãos formadores da voz, claro, podem enfrentar problemas, causando alterações momentâneas ou perda definitiva de sua qualidade. Em pessoas comuns, tais alterações em geral não têm grandes consequências. Mas em profissionais da voz às vezes podem determinar até o fim de uma carreira.
O primeiro problema mais comum em profissionais é a fadiga vocal. A causa básica é o uso inadequado da voz. Caracteriza-se o uso vocal inadequado quando um profissional usa a voz por muito mais tempo do que sua laringe aguenta ou se utiliza de má técnica. A fadiga pode manifestar-se em alguns minutos ou após um longo período de utilização de uma técnica vocal errada.
O segundo problema mais comum de voz em profissionais é a rouquidão. A causa mais frequente são resfriados e gripes. Mas pode haver rouquidão também por uso inadequado, excessivo e/ou abusivo da voz e até pelo retorno de líquidos do estômago à faringe ao dormir, doença conhecida como síndrome faringo-laríngea do refluxo.
Rouquidão por mais de 15 dias, porém, pode ser sintoma de lesões pré-cancerosas ou do câncer de laringe. O câncer é mais frequente em indivíduos com idade acima de 40 anos, em especial tabagistas que consomem bebidas alcoólicas. Está mais suscetível quem tem casos de câncer de cabeça e pescoço, útero, intestino grosso, bexiga e outros na família.
O terceiro problema de voz mais comum em profissionais é o fonotrauma, ou seja, traumatismo que ocorre entre as pregas vocais. A causa também é a utilização inadequada, abusiva e/ou excessiva.
Mas é preciso destacar que o tecido vibrátil - cobertura das cordas vocais - pode ser de dois tipos considerados normais: um idealisticamente normal e outro com variações da anatomia. Indivíduos com variações da anatomia na cobertura podem estar mais propensos a ter problemas mais precocemente ao usar a voz de modo inadequado, abusivo e/ou excessivo. Hoje, ao iniciar a carreira, os profissionais da voz podem consultar um otorrinolaringologista e fazer exame das cordas vocais - o mais indicado é a estroboscopia - para saber se estão mais suscetíveis a problemas. Assim, ao primeiro sintoma, eles se corrigem e evitam a piora do quadro, que poderia afastá-los das atividades. Podem precisar também aperfeiçoar sua técnica com fonoaudiólogo.
Felizmente, é possível evitar problemas com algumas atitudes. Se você inicia a carreira, consulte um otorrinolaringologista e faça avaliação de suas condições vocais. Também deve realizar avaliações periódicas ao longo da carreira. No dia-a-dia, de outro lado, hidratese bem, ou seja, tome água em temperatura ambiente durante apresentações e gravações. Pratique atividades físicas. Evite consumir refrigerantes e bebidas ácidas. Alimente-se de maneira saúdavel. E, ao menor sintoma de problema, consulte o otorrinolaringologista. Só ele é capaz de fazer uma avaliação por estroboscopia e indicar o tratamento correto.