O povo chinês, de China, com origem no grego Síno, adaptação de Ts'in,...
...tem muita beleza para mostrar ao público da Olimpíada, mas não tem colibris, do francês colibri, talvez originado no latim coluber, cobra, que são pássaros nativos das Américas.
Deonísio da Silva Publicado em 22/08/2008, às 17h11
Chinês: de China, como pareceu soar aos ouvidos dos mercadores venezianos, que pronunciavam Cina, ao ouvir de navegadores árabes que as mercadorias tinham vindo de Cin, ligado ao grego Síno, pelo latim medieval Sina, nome pelo qual era conhecido o território que os chineses denominavam Zhongghuó, terra central. O militar português Afonso de Albuquerque (1453-1515) escreveu "chim", em vez de chinês, nas suas Cartas, o que deve ter influenciado o espanhol chino, chinês. Ainda hoje o composto "sino" está presente em "sino-japonês" e em "sinologia", segundo o Houaiss, a "ciência que trata da história, da língua, da escrita, das instituições e dos costumes chineses". Pelo censo de 2007, cerca de 1,331 bilhão de pessoas vivem na China. No grego, como no latim e em vários dialetos italianos, a palavra que passou designar o país é adaptação de Ts'in, nome da primeira dinastia. O Ocidente tomou conhecimento da civilização chinesa, surgida por volta do ano 3000 a.C., nas margens do Yang-tsé (Rio Azul), apenas pelo navegador veneziano Marco Polo (1254-1324), que ficou 16 anos na China. De volta a Veneza (1295), relatou a viagem no Livro das Maravilhas do Mundo. Logo após a Olimpíada de 2000, em Sidney, naAustrália, foi aceita a candidatura da China para sede da Olimpíada de 2008. Desde então, Pequim tornou-se um imenso canteiro de obras, chegando a ter 9000 construções simultâneas. A data de 08-08-08 foi escolhida para a abertura dos jogos porque o número 8 é tido como de sorte para os chineses.
Colibri: do francês colibri, colibri, o outro nome do beija-flor. A origem da palavra é controversa, mas é provável que tenha se formado de colubri, caso genitivo do latim coluber, cobra. Tem o mesmo étimo o provençal colobro, do latim vulgar colobra, cobra. No português, seu primeiro registro é de 1838, mas no francês se deu em 1640 e foi atribuído a uma das línguas dos caraíbas, povos indígenas que habitavam e ainda habitam a Colômbia, as Guianas, o norte do Rio Amazonas e terras que vão do vale do Rio Xingu até o Rio Paranatinga. Não se sabe como os nativos das Antilhas denominavam o pássaro, mas aos colonos franceses ele pareceu semelhante às serpentes locais: suas cores brilhantes, o aspecto escamoso das penas, a agilidade, o silvo das asas batendo rapidamente e a língua partida em dois. Ainda hoje na Jamaica existe um tipo de colibri, o Trochilus polytmus, cujo macho, quando em vôo, por ter a cauda comprida, dá a impressão de ser uma serpente voadora.
Intifada: do árabe intifadat, levante, insurreição, formado de fadda, libertar-se. Entrou para a língua portuguesa na década de 1980 para designar rebelião popular palestina contra as forças de ocupação de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. No combate às intifadas, celebrizou-se, pela crueldade, o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon (80), que galgou vários postos militares nas guerras árabe-israelenses. Deixou o Likud e formou novo partido, o Kadima, mas teve a carreira interrompida por um grave problema de saúde.
Maluco: de origem controversa, talvez por influência do topônimo indonésio Maluku, com origem no malaio malik, rei, e muluk, reis, título dos sultões das ilhas, hoje conhecidas por Molucas. No indonésio, o étimo mlk tem o significado de governar. Nos sangrentos levantes de 1570, os habitantes daquelas ilhas lutaram entre si como loucos. A outra hipótese é o espanhol platense maluco ou malucón, derivado de malo, doença. Um francês notabilizou-se por cuidar dos doentes mentais e seu nome tornou-se substantivo na língua portuguesa, designando o louco. É Philippe Pinel (1745-1826). O prontosocorro psiquiátrico do Rio de Janeiro, Hospital Pinel, recebeu este nome em homenagem ao médico, o primeiro a propor que os loucos fossem internados para tratamento. Machado de Assis (1839-1908), sempre irônico, criou em O Alienista o personagem Simão Bacamarte, médico que interna na Casa Verde quatro quintos da cidade de Itaguaí, mas acaba liberando todos e internando a si mesmo. O livro inspirou A Maior Loucura, de André Sant'Anna (44), A Herança, de Andréa del Fuego (33), e Beleza, de Rinaldo de Fernandes (48), o qual, reunindo narrativas de Machado de Assis recontadas por escritores, organizou o livro Capitu Mandou Flores (Geração Editorial).
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